Charlie Chaplin | |
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Charlie Chaplin caracterizado como O Vagabundo. | |
Nome completo | Charles Spencer Chaplin Jr. |
Nascimento | 16 de Abril de 1889 Londres, Inglaterra Reino Unido |
Falecimento | 25 de Dezembro de 1977 (88 anos) Corsier-sur-Vevey,[1] Suíça |
Ocupação | Actor, director, produtor, roteirista, compositor e mímico |
Cônjuge | Mildred Harris (1918-1920) Lita Grey (1924-1928) Paulette Goddard (1936-1942) Oona O'Neill (1943-1977) |
Atividade | 1895-1976[2] |
Página oficial IMDb |
Além de atuar, Chaplin dirigiu, escreveu, produziu e eventualmente compôs a trilha sonora de seus próprios filmes, tornando-se uma das personalidades mais criativas e influentes da era do cinema mudo. Chaplin foi fortemente influenciado por um antecessor, o comediante francês Max Linder, a quem ele dedicou um de seus filmes. Sua carreira no ramo do entretenimento durou mais de 75 anos, desde suas primeiras atuações quando ainda era criança nos teatros do Reino Unido durante a Era Vitoriana quase até sua morte aos 88 anos de idade. Sua vida pública e privada abrangia adulação e controvérsia. Juntamente com Mary Pickford, Douglas Fairbanks e D. W. Griffith, Chaplin co-fundou a United Artists em 1919.
Em 2008, em uma resenha do livro Chaplin: A Life, Martin Sieff escreve: "Chaplin não foi apenas 'grande', ele foi gigantesco. Em 1915, ele estourou um mundo dilacerado pela guerra trazendo o dom da comédia, risos e alívio enquanto ele próprio estava se dividindo ao meio pela Primeira Guerra Mundial. Durante os próximos 25 anos, através da Grande Depressão e da ascensão de Hitler, ele permaneceu no emprego. Ele foi maior do que qualquer um. É duvidoso que algum outro indivíduo tenha dado mais entretenimento, prazer e alívio para tantos seres humanos quando eles mais precisavam."[3]
Por sua inigualável contribuição ao desenvolvimento da sétima arte, Chaplin é o mais homenageado cineasta de todos os tempos, sendo ainda em vida condecorado pelos governos britânico (Cavaleiro do Império Britânico) e francês (Légion d 'Honneur), pela Universidade de Oxford (Doutor Honoris Causa) e pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos (Oscar especial pelo conjunto da obra, em 1972).
Seu principal e mais conhecido personagem é conhecido como Charlot, na França e no mundo francófono, na Itália, Espanha, Portugal, Grécia, Romênia e Turquia, e como Carlitos ou também "O Vagabundo" (The Tramp) no Brasil, um andarilho pobretão que possui todas as maneiras refinadas e a dignidade de um cavalheiro (gentleman), usando um fraque preto esgarçado, calças e sapatos desgastados e mais largos que o seu número, um chapéu-coco ou cartola, uma bengala de bambu e - sua marca pessoal - um pequeno bigode-de-broxa.
Chaplin foi uma das personalidades mais criativas que atravessou a era do cinema mudo; atuou, dirigiu, escreveu, produziu e financiou seus próprios filmes. Foi também um talentoso jogador de xadrez e chegou a enfrentar o campeão estadunidense Samuel Reshevsky.
Infância e juventude
Charles Spencer Chaplin, que era canhoto,[4] nasceu no dia 16 de abril de 1889, na East Street, Walworth, Londres, Inglaterra. Seus pais eram artistas de music-hall; seu pai, Charles Spencer Chaplin Sr., era vocalista e ator, e sua mãe, Hannah Chaplin, era cantora e atriz. Chaplin aprendeu a cantar com seus pais, os quais se separaram antes dele completar três anos de idade. Após a separação, Chaplin foi deixado aos cuidados de sua mãe, que estava cada vez mais instável emocionalmente. O censo de 1891 mostra que sua mãe morava com Charlie e seu meio-irmão mais velho Sydney na Barlow Street, Walworth.Um problema de laringe acabou com a carreira de cantora da mãe de Chaplin. A primeira crise de Hannah ocorreu em 1894 quando ela estava cantando no "The Canteen", um teatro em Aldershot, geralmente frequentado por manifestantes e soldados. Além de ser vaiada, Hannah foi gravemente ferida pelos objetos atirados pela platéia. Nos bastidores, ela chorava e argumentava com o seu gerente. Enquanto isso, com apenas cinco anos de idade, o pequeno Chaplin subiu sozinho ao palco e cantou uma música popular da época, "Jack Jones".
O pai de Chaplin, Charles Chaplin Sr., era alcoólatra e tinha pouco contato com seu filho, apesar de Chaplin e seu meio-irmão morarem durante um curto período de tempo com seu pai e sua amante, Louise, na 287 Kennington Road, onde atualmente há uma placa em homenagem ao fato. Os meio-irmãos viviam ali, enquanto sua mãe, mentalmente doente, residia no Asilo Cane Hill em Coulsdon. A amante do pai de Chaplin enviou o menino para a Archbishop Temples Boys School. Seu pai morreu de cirrose no fígado quando Chaplin tinha doze anos, em 1901.[5] De acordo com o censo de 1901, Chaplin residia na 94 Ferndale Road, Lambeth.
Após a mãe de Chaplin ter sido novamente admitida no Asilo Cane Hill, seu filho foi deixado em uma casa de trabalho em Lambeth, no sul de Londres, mudando-se após várias semanas para o Central London District School, uma escola para pobres em Hanwell. Os jovens irmãos Chaplin começaram um íntimo relacionamento, a fim de sobreviverem. Ainda jovens, foram atraídos para o music hall, e ambos provaram ter grande talento. A mãe de Chaplin morreu em 1928, em Hollywood, sete anos após ter sido levada para os Estados Unidos por seus filhos.
América
A primeira turnê de Chaplin aos Estados Unidos com o trupe de Fred Karno ocorreu durante 1910 até 1912. Após cinco meses de volta na Inglaterra, ele retorna aos EUA em uma segunda turnê com o trupe de Karno, chegando novamente na América em 2 de outubro de 1912. Na Companhia de Karno estava Arthur Stanley Jefferson, que posteriormente ficaria conhecido como Stan Laurel. Chaplin e Laurel dividiam um quarto em uma pensão. Stan Laurel retornou à Inglaterra, mas Chaplin manteve-se nos Estados Unidos. No final de 1913, a atuação de Chaplin foi eventualmente vista por Mack Sennett, Mabel Normand, Minta Durfee e Fatty Arbuckle. Sennett o contratou para seu estúdio, a Keystone Film Company, pois precisavam de um substituto para Ford Sterling.Inicialmente, Chaplin teve grande dificuldade em se adaptar ao estilo de atuação cinematográfica da Keystone. Após a estréia de Chaplin no cinema, no filme Making a Living, Sennett sentiu que cometera um grande erro.[7] Muitos alegam que foi Normand quem o convenceu a dar a Chaplin uma segunda chance.[8]Chaplin começou a trabalhar junto com Normand, que dirigiu e escreveu vários de seus primeiros filmes.Chaplin não gostou de ser dirigido por uma mulher, e os dois discutiam frequentemente. Ele acreditava que Sennett pretendia demití-lo caso houvesse um desentendimento com Normand.No entanto, os filmes de Chaplin fizeram tanto sucesso que ele se tornou uma das maiores estrelas da Keystone.
Artista pioneiro de cinema
Foi no estúdio Keystone onde Chaplin desenvolveu seu principal e mais conhecido personagem: O Vagabundo (conhecido como Charlot na França e no mundo francófono, na Itália, Espanha, Portugal, Grécia, Romênia e Turquia, Carlitos no Brasil e na Argentina, e Der Vagabund na Alemanha). O Vagabundo é um andarilho pobretão que possui todas as maneiras refinadas e a dignidade de um cavalheiro; aparece sempre vestindo um paletó apertado, calças e sapatos desgastados e mais largos que o seu número, e um chapéu-coco; carrega uma bengala de bambu; e possui um pequeno bigode-de-broxa. O público viu o personagem pela primeira vez no segundo filme de Chaplin, Kid Auto Races at Venice, lançado em 7 de fevereiro de 1914. No entanto, ele já havia criado o visual do personagem para o filme Mabel's Strange Predicament, produzido alguns dias antes, porém lançado mais tarde, em 9 de fevereiro de 1914.Os primeiros filmes de Chaplin no estúdio Keystone usavam a fórmula padrão de Mack Sennett, que consistia em extrema comédia pastelão e gestos exagerados. A pantomima de Chaplin foi mais sutil, sendo mais adequada para comédias românticas e farsas domésticas. As piadas visuais, no entanto, seguiam exatamente o padrão de comédia da Keystone; Em seus filmes, O Vagabundo atacava agressivamente seus inimigos com chutes e tijolos. O público da época amou este novo comediante, apesar dos críticos alertarem que as travessuras do personagem beiravam a vulgaridade. Logo depois, Chaplin se ofereceu para dirigir e editar seus próprios filmes. Durante seu primeiro ano no ramo do cinema, ele fez 34 curta-metragens para Sennett, assim como o longa-metragem Tillie's Punctured Romance.
Em 1915, Chaplin assinou um contrato muito mais favorável com a Essanay Studios, e desenvolveu suas habilidades cinematográficas, adicionando novos níveis de sentimentalismo e pathos em seus filmes. A maioria dos filmes produzidos na Essanay foram mais ambiciosos, com uma duração duas vezes maior do que os curtas da Keystone. Chaplin também desenvolveu o seu próprio elenco estático, no qual estava incluído a heroína Edna Purviance e os vilões cômicos Leo White e Bud Jamison.
Visto que grupos de imigrantes chegavam constantemente na América, os filmes mudos foram capazes de atravessar todas as barreiras de linguagem, sendo compreendidos por todos os níveis da Torre de Babel americana, simplesmente devido ao fato de serem mudos. Nesse contexto, Chaplin foi emergindo e tornando-se o exponente máximo do cinema mudo.
Em 1916, a Mutual Film Corporation pagou a Chaplin US$670.000,00 para produzir uma dúzia de comédias com duração de duas bobinas. Foi dado a ele controle artístico quase total, produzindo doze filmes durante um período de dezoito meses, notando que estes estão entre os filmes de comédia mais influentes da história do cinema. Praticamente todos os filmes de Chaplin produzidos na Mutual são clássicos: Easy Street, One A.M., The Pawnshop e The Adventurer são provavelmente os mais conhecidos. Edna Purviance continuou sendo a protagonista, e Chaplin adicionou Eric Campbell, Henry Bergman e Albert Austin ao seu elenco estático; Campbell, um veterano nas óperas de Gilbert e Sullivan, interpretou vilões soberbos, e os atores coadjuventes Bergman e Austin permaneceram no elenco de Chaplin durante décadas. Chaplin considera o período em que esteve na Mutual como o mais feliz de sua carreira. Após a entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial, Chaplin tornou-se um garoto-propaganda para a venda de "bônus da liberdade" junto com Mary Pickford e seu grande amigo Douglas Fairbanks.[10]
Controle criativo
Com o fim do contrato com a Mutual em 1917, Chaplin assinou um contrato com a First National para produzir oito filmes com duração de duas bobinas. Além de ter financiado e distribuído estes filmes, a First National deu-lhe total controle criativo sobre a produção, para que ele pudesse trabalhar em um ritmo mais relaxado e se concentrar na qualidade. Chaplin construiu seu próprio estúdio em Hollywood, o qual simbolizava a sua independência. Embora a First National esperava receber comédias de curta-metragem, Chaplin foi mais ambicioso e expandiu alguns de seus projetos em longa-metragens, como Shoulder Arms (1918), The Pilgrim (1923) e o clássico The Kid (1921).Em 1919, Chaplin co-fundou a distribuidora United Artists junto com Mary Pickford, Douglas Fairbanks e D. W. Griffith, todos eles tentando escapar da crescente consolidação do poder dos distribuidores e financiadores de filmes durante o desenvolvimento de Hollywood. Este movimento, junto com o controle total da produção de seus filmes no seu próprio estúdio, assegurou a independência de Chaplin como um cineasta. Ele trabalhou na administração da UA, até o início da década de 1950. Todos os filmes de Chaplin distribuídos pela United Artists foram de longa-metragem, começando com o drama atípico A Woman of Paris (1923), em que Chaplin fez uma pequena ponta. A Woman of Paris foi seguido pelas clássicas comédias The Gold Rush (1925) e O Circo (1928).
Apesar dos filmes "falados" tornarem-se o modelo dominante logo após serem introduzidos em 1927, Chaplin resistiu a fazer um filme assim durante toda a década de 1930. Ele considerava o cinema uma arte essencialmente pantomímica. Ele disse: "A ação é geralmente mais entendida do que palavras. Assim como o simbolismo chinês, isto vai significar coisas diferentes de acordo com a sua conotação cênica. Ouça uma descrição de algum objeto estranho — um javali-africano, por exemplo; depois olhe para uma foto do animal e veja como você fica surpreso".
Durante o avanço dos filmes sonoros, Chaplin produziu Luzes da Cidade (1931) e Tempos Modernos antes de se converter ao cinema "falado". Esses filmes foram essencialmente mudos, porém possuiam música sincronizada e efeitos sonoros. Indiscutivelmente, Luzes da Cidade contém o mais perfeito equilíbrio entre comédia e sentimentalismo. Em relação à última cena, o crítico James Agee escreveu na revista Life em 1949 que foi a "melhor atuação já registrada em celulóide". Apesar de Tempos Modernos ser um filme mudo, ele contém falas — geralmente provenientes de objetos inanimados, como rádios ou monitores de TV. Isto foi feito para ajudar o público da década de 1930, que já estava fora do hábito de assistir a filmes mudos. Além disso, Tempos Modernos foi o primeiro filme em que a voz de Chaplin é ouvida (no final do filme, a canção "Smile", composta e cantada pelo próprio Chaplin num dueto com Paulette Goddard). No entanto, para a maioria dos espectadores, este ainda é considerado um filme mudo — e o fim de uma era.
O primeiro filme falado de Chaplin, O Grande Ditador (1940), foi um ato de rebeldia contra o ditador alemão Adolf Hitler e o nazismo, e foi lançado nos Estados Unidos um ano antes do país abandonar sua política de neutralidade e entrar na Segunda Guerra Mundial. Chaplin interpretou o papel de Adenoid Hynkel, ditador da "Tomânia", claramente baseado em Hitler e, atuando em um papel duplo, também interpretou um barbeiro judeu perseguido frequentemente por nazistas, o qual é fisicamente semelhante a'O Vagabundo. O filme também contou com a participação do comediante Jack Oakie no papel de Benzino Napaloni, ditador da "Bactéria", uma sátira do ditador italiano Benito Mussolini e do fascismo; e de Paulette Goddard, no papel de uma mulher no gueto. O filme foi visto como um ato de coragem no ambiente político da época, tanto pela sua ridicularização do nazismo quanto pela representação de personagens judeus ostensivos e de sua perseguição. Adicionalmente, O Grande Ditador foi indicado ao Oscar de Melhor Filme, Melhor Ator (Chaplin), Melhor Ator Coadjuvante (Oakie), Melhor Trilha Sonora (Meredith Willson) e Melhor Roteiro Original (Chaplin).
Técnicas de filmagem
Chaplin nunca explicou detalhadamente seus métodos de filmagem, alegando que tal coisa seria o mesmo que um mágico revelar seus truques. Na verdade, antes dele produzir filmes falados, começando com O Grande Ditador em 1940, Chaplin nunca começou a filmar a partir de um roteiro completo. O método que ele desenvolveu, visto que seu contrato com o Essanay Studios deu-lhe a liberdade de roteirizar e dirigir seus filmes, foi a partir de uma vaga premissa - por exemplo, "Carlitos entra em um spa" ou "Carlitos trabalha em uma loja de penhores". Chaplin tinha cenários já construídos e trabalhava com seu elenco estático para improvisar piadas em torno das premissas, quase sempre pondo as idéias em prática na hora das filmagens. Enquanto algumas idéias eram aceitas e outras rejeitadas, uma estrutura narrativa começava a emerger, muitas vezes exigindo que Chaplin refilmasse uma cena já concluída que poderia ir contra o enredo.[12]Esta é uma razão pela qual Chaplin levou muito mais tempo para concluir seus filmes do que seus rivais. Além disso, Chaplin era um diretor extremamente exigente, mostrando a seus atores exatamente como eles deveriam atuar e filmando dezenas de tomadas até conseguir a cena que ele queria. O animador Chuck Jones, que morava perto do estúdio de Chaplin quando era garoto, lembra de seu pai dizendo que viu Chaplin filmar uma cena mais de cem vezes até ficar satisfeito.[13] Esta combinação de improvisação do enredo e perfeccionismo—que resultou em vários dias de esforço e milhares de metros de filme desperdiçados, tudo a um enorme custo—quase sempre revelou-se muito oneroso para Chaplin, que muitas vezes descarregava sua raiva e frustração em seus atores e sua equipe, mantendo-os esperando parados durante horas ou, em casos extremos, cancelando completamente a produção.[12] As técnicas de Chaplin foram descobertas somente após sua morte, quando as raras tomadas de pré-produção e cenas cortadas de seus filmes foram cuidadosamente analisadas no documentário britânico Unknown Chaplin, de 1983.
Era McCarthy
O posicionamento político de Chaplin sempre foi esquerdista. Durante a era de macarthismo, Chaplin foi acusado de "atividades anti-americanas" como um suposto comunista, e J. Edgar Hoover, que instruíra o FBI a manter extensos arquivos secretos sobre ele, tentou acabar com sua residência nos EUA. A pressão do FBI sobre Chaplin cresceu após sua campanha para uma segunda frente européia na Segunda Guerra Mundial em 1942, e alcançou um nível crítico no final da década de 1940, quando ele lançou o filme de humor negro Monsieur Verdoux (1947), considerado uma crítica ao capitalismo. O filme foi mal recebido e boicotado em várias cidades dos EUA, obtendo, no entanto, um êxito maior na Europa, especialmente na França. Naquela época, o Congresso ameaçou chamá-lo para um interrogatório público. Isso nunca foi feito, provavelmente devido à possibilidade de Chaplin satirizar os investigadores.[14] Por seu posicionamento político, Chaplin foi incluído na Lista Negra de Hollywood.Em 1952, Chaplin deixou os EUA para o que orginalmente pretendia ser uma breve viagem ao Reino Unido para a estréia do filme Luzes da Ribalta em Londres. Hoover soube da viagem e negociou com o Serviço de Imigração para revogar o visto de Chaplin, exilando-o do país. Chaplin decidiu não voltar a entrar nos Estados Unidos, escrevendo: "(...) Desde o fim da última guerra mundial, eu tenho sido alvo de mentiras e propagandas por poderosos grupos reacionários que, por sua influência e com a ajuda da imprensa marrom, criaram um ambiente doentio no qual indivíduos de mente liberal possam ser apontados e perseguidos. Nestas condições, acho que é praticamente impossível continuar meu trabalho do ramo do cinema e, portanto, me desfiz de minha residência nos Estados Unidos".[15] Chaplin decidiu então permanecer na Europa, escolhendo morar em Vevey, Suíça.
Últimos trabalhos
Os últimos dois filmes de Chaplin foram produzidos em Londres: A King in New York (1957) no qual ele atuou, escreveu, dirigiu e produziu; e A Countess from Hong Kong (1967), que ele dirigiu, produziu e escreveu. O último filme foi estrelado por Sophia Loren e Marlon Brando, e Chaplin fez uma pequena ponta no papel de mordomo, sendo esta a sua última aparição nas telas. Ele também compôs a trilha sonora de ambos os filmes, assim como a canção-tema de A Countess from Hong Kong, "This is My Song", cantada por Petula Clark, chegando a ser a canção mais popular do Reino Unido na época do lançamento do filme. Chaplin também produziu The Chaplin Revue, uma compilação de três filmes feitos durante seu período de parceiria com a First National: A Dog's Life (1918), Shoulder Arms (1918) e The Pilgrim (1923), para os quais ele compôs a trilha sonora e gravou uma narração introdutória. Adicionalmente, Chaplin escreveu sua autobiografia entre 1959 e 1963, intitulada Minha Vida, sendo publicada em 1964.Chaplin planejara um filme intitulado The Freak, que seria estrelado por sua filha, Victoria, no papel de um anjo. Segundo Chaplin, ele havia concluído o roteiro em 1969 e foram feitos alguns ensaios de pré-produção, mas foram interrompidos quando Victoria se casou. Além disso, sua saúde declinou constantemente na década de 1970, prejudicando todas as esperanças do filme ser produzido.
De 1969 até 1976, juntamente com James Eric, Chaplin compôs músicas originais para seus filmes mudos e depois os relançou. Ele compôs a música de seus outros curta-metragens da First National: The Idle Class em 1971, Pay Day em 1972, A Day's Pleasure em 1973, Sunnyside em 1974, e dos longa-metragens The Circus em 1969 e The Kid em 1971. O último trabalho de Chaplin foi a trilha sonora para o filme A Woman of Paris (1923), concluída em 1976, época em que Chaplin estava extremamente frágil, encontrando até mesmo dificuldades de comunicação.
Oscars
[editar] Prêmios competitivos
Em 1972, Chaplin ganhou o Oscar de Melhor Trilha Sonora pelo filme Luzes da Ribalta, de 1952, que também foi um grande sucesso. O filme foi co-estrelado por Claire Bloom e também conta com a participação de Buster Keaton, sendo esta a única vez em que os dois grandes comediantes apareceram juntos. Devido as perseguições políticas contra Chaplin, o filme não chegou a ser exibido durante uma única semana em Los Angeles quando foi originalmente lançado. Este critério de nomeação era desconsiderado até 1972.Chaplin também foi indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original e Melhor Ator em O Grande Ditador em 1940, e novamente por Melhor Roteiro Original em Monsieur Verdoux em 1948. Durante seus anos ativos como cineasta, Chaplin expressava desprezo pelos Oscars; seu filho descreve que ele provocou a ira da Academia ao deixar seu Oscar de 1929 ao lado da porta, para não deixá-la bater. Isto talvez explique porque Luzes da Cidade e Tempos Modernos, considerados por várias enquetes como dois dos melhores filmes de todos os tempos,[16][17] nunca foram indicados à um único Oscar.
Prêmios honorários
Na 1ª Entrega dos Prêmios da Academia em 16 de maio de 1929, os procedimentos de votação da auditoria ainda não tinham sido postos em prática, e as categorias eram ainda muito fluidas. Chaplin havia sido originalmente indicado ao Oscar de Melhor Ator e de Melhor Diretor de um Filme de Comédia pelo seu filme O Circo, mas seu nome foi retirado quando a Academia decidiu dar-lhe um prêmio especial "pela versatilidade e genialidade em atuar, escrever, dirigir e produzir O Circo". O outro filme que recebeu um prêmio especial naquele ano foi The Jazz Singer.O segundo Oscar Honorário de Chaplin veio quarenta e quatro anos mais tarde, em 1972, e foi pelo "efeito incalculável que ele teve em tornar os filmes a forma de arte deste século". Ele saiu de seu exílio para receber esse prêmio, e recebeu a mais longa ovação em pé da história do Oscar, com uma duração total de cinco minutos. Chaplin também aproveitou seu breve e triunfante retorno aos Estados Unidos para discutir como seus filmes seriam relançados e comercializados.
Relacionamentos amorosos e casamentos
Em 23 de outubro de 1918, Chaplin casou-se aos 28 anos de idade com Mildred Harris, que tinha então 16 anos. Tiveram um filho deformado que morreu três dias após o nascimento. Divorciaram-se em 1920.Logo depois Chaplin namorou Peggy Hopkins Joyce, que ao conhecê-lo, perguntou-lhe se era verdade o que se dizia quanto a sua anatomia.Posteriormente Joyce ligou-se Irving Thalberg. O relacionamento que teve com Joyve inspirou a Chaplin o filme Uma mulher de Paris.[18]
Aos 35, apaixonou-se por Lita Grey, também de 16 anos, durante as preparações de The Gold Rush. Casaram-se em 26 de Novembro de 1924, no México, quando ela ficou grávida. Tiveram dois filhos, Charles Chaplin Júnior e Sydney. Divorciaram-se em 1926, enquanto a fortuna de Chaplin chegava a US$ 825 000. O estresse do divórcio somado com os impostos que não paravam, terminaram por deixar os cabelos de Charles brancos.
Chaplin casou-se secretamente aos 47 anos com Paulette Goddard, de 25, em junho de 1936. Depois de alguns anos felizes, este casamento também terminou em divórcio, em 1942. Durante este período, Chaplin namorou Joan Barry, atriz de 22 anos. A relação terminou quando Barry começou a perturbá-lo. Em maio de 1943, ela informou a Chaplin que estava grávida e exigiu que ele assumisse a paternidade. Exames comprovaram que Chaplin não era o pai, mas na época tais testes não tinham muita validade, e ele se viu forçado a pagar US$ 75 por semana até que a criança fizesse 21 anos.
Depois, conheceu Oona O'Neill, filha do dramaturgo Eugene O'Neill. Casaram-se em 16 de Junho de 1943. Ele tinha 54 anos enquanto ela tinha 17. Este casamento foi longo e feliz, com oito filhos. Charlie ficou com Oona até morrer.
Filhos
Nome | Nascimento | Morte | Mãe |
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Norman Spencer Chaplin | 7 de julho de 1919 | 10 de julho de 1919 | Mildred Harris |
Charles Spencer Chaplin Jr. | 5 de maio de 1925 | 20 de março de 1968 | Lita Grey |
Sydney Earle Chaplin | 31 de março de 1926 | 3 de março de 2009 | |
Geraldine Leigh Chaplin | 1° de agosto de 1944 | Oona O'Neill | |
Michael John Chaplin | 7 de março de 1946 | ||
Josephine Hannah Chaplin | 28 de março de 1949 | ||
Victoria Chaplin | 19 de maio de 1951 | ||
Eugene Anthony Chaplin | 23 de agosto de 1953 | ||
Jane Cecil Chaplin | 23 de maio de 1957 | ||
Annette Emily Chaplin | 3 de dezembro de 1959 | ||
Christopher James Chaplin | 6 de julho de 1962 |
Cavalaria
Chaplin foi incluído na Lista de Honras do Ano Novo em 1975.[19] No dia 4 de março, com oitenta e cinco anos de idade, foi nomeado Cavaleiro Comandante do Império Britânico (KBE) pela Rainha Elizabeth II. A honra foi proposta originalmente em 1931, mas não foi realizada devido à controvérsia de Chaplin não ter servirdo na Primeira Guerra Mundial. O título de cavaleiro foi proposto novamente em 1956, mas foi vetado pelo então governo conservador com receio de prejudicar sua relação com os Estados Unidos no auge da Guerra Fria e na invasão de Suez planejada para aquele ano.Morte
A saúde de Chaplin começou a declinar lentamente no final da década de 1960, após a conclusão do filme A Countess from Hong Kong, e mais rapidamente após receber seu Oscar Honorário em 1972. Por volta de 1977, ele já tinha dificuldade para falar, e começou a usar uma cadeira de rodas. Chaplin morreu dormindo aos 88 anos de idade em conseqüência de um derrame cerebral, no Dia de Natal de 1977 em Corsier-sur-Vevey, Vaud, Suíça,[20] e foi enterrado no cemitério comunal.No dia 1 de março de 1978, seu corpo foi roubado da sepultura por um pequeno grupo de mecânicos suíços, na tentativa de extorquir dinheiro de sua família.[21] O plano falhou, os ladrões foram capturados e condenados, o corpo foi recuperado onze semanas depois, perto do Lago Léman, e novamente enterrado em Corsier-sur-Vevey, mas desta vez a família mandou fazer um tampão de concreto de 6 pés (1,80 metro) de espessura protegendo o caixão do cineasta, para evitar novos problemas. No mesmo cemitério, há uma estátua de Chaplin em sua homenagem.
Em 1991, Oona O'Neill, sua quarta e última esposa, faleceu e foi sepultada ao lado do cineasta.
[editar] Outras controvérsias
Durante a Primeira Guerra Mundial, Chaplin foi criticado pela imprensa britânica por não ter se alistado ao Exército. Na verdade, ele se apresentou ao serviço militar, mas foi recusado por ser muito pequeno e estar abaixo do peso. Chaplin levantou fundos substanciais durante a época de venda de bônus de guerra, não só discursando publicamente em comícios, mas também ao produzir, com seu próprio orçamento, The Bond, um filme-propaganda de comédia usado em 1918. A persistente controvérsia provavelmente impediu Chaplin de receber o título de cavaleiro em 1930.Durante toda a carreira de Chaplin, alguns níveis de controvérsia existiram a respeito de sua suposta ascendência judaica. Propagandas nazistas das décadas de 1930 e 40 o retratavam como judeu (chamado-o de "Karl Tonstein"), com base em artigos publicados pela imprensa dos EUA,[22] e as investigações do FBI no final da década de 1940 também se concentraram nas origens étnicas de Chaplin. Não há documentos que comprovam a ascendência judaica de Chaplin. Durante sua vida pública, ele recusou-se ferozmente em contestar ou negar as afirmações de que ele era judeu, dizendo que sempre iria "jogar diretamente nas mãos dos anti-semitas."[carece de fontes] Embora tenha sido batizado na Igreja da Inglaterra, Chaplin creditava-se como sendo agnóstico durante a maior parte de sua vida.[23]
O fato de Chaplin sentir atração por mulheres mais jovens continua a ser outra fonte de interesse para alguns. Seus biógrafos atribuem isto a uma paixão adolescente com Hetty Kelly, que ele conhecera no Reino Unido durante suas apresentações no music hall, e que possivelmente definiu o seu ideal feminino. Chaplin gostava de descobrir jovens atrizes e orientá-las de perto; com exceção de Mildred Harris, todos os seus casamentos e a maioria dos seus principais relacionamentos amorosos começaram desta maneira.
Comparação com outros comediantes da época
Desde a década de 1960, os filmes de Chaplin têm sido comparados com os de Buster Keaton e Harold Lloyd, os outros dois grandes comediantes do cinema mudo. Os três tinham estilos diferentes: Chaplin tinha uma forte afinidade com sentimentalismo e pathos; Lloyd era conhecido pelo seu "personagem comum" e seu otimismo típico da década de 1920; e Keaton sempre demonstrava estoicismo com um tom cínico. Historicamente, Chaplin foi pioneiro na comédia cinematográfica, e ambos os jovens Keaton e Lloyd inspiraram-se em seu trabalho. Na verdade, os primeiros personagens de Lloyd, "Willie Work" e "Lonesome Luke", eram óbvias imitações de Chaplin, algo que Lloyd reconhecia e se esforçou para afastar-se. O período de experimentação de Chaplin terminou após sua estadia na Mutual, pouco antes de Keaton ingressar no ramo do cinema.Comercialmente, Chaplin produziu alguns dos filmes de maior bilheteria da era do cinema mudo; The Gold Rush é o quinto com US$4,25 milhões, e O Circo é o sétimo com US$3,8 milhões. No entanto, os filmes de Chaplin juntos arrecadaram aproximadamente US$10,5 milhões, enquanto Harold Lloyd arrecadou US$15,7 milhões, visto que Lloyd foi muito mais prolífico, lançando doze longa-metragens na década de 1920, enquanto Chaplin lançou apenas três. Os filmes de Buster Keaton não foram tão bem sucedidos comercialmente como os de Chaplin ou Lloyd, mesmo no auge de sua popularidade, e só começou a receber elogios da crítica no final das décadas de 1950 e 1960.
Além de uma saudável rivalidade profissional, Chaplin e Keaton pensavam muito um no outro. Keaton afirmou em sua autobiografia que Chaplin foi o maior comediante que já viveu, e o maior diretor de filmes de comédia. Chaplin também admirava Keaton, tanto que o recebeu de braços abertos na United Artists em 1925, aconselhou-o contra sua mudança desastrosa para a Metro-Goldwyn-Mayer em 1928 e, em seu último filme estadunidense, Limelight, escreveu uma parte especialmente para Keaton como seu primeiro parceiro de comédia desde 1915.
- O Vagabundo é provavelmente o personagem mais imitado em todos os níveis de entretenimento. Há rumores de que o próprio Chaplin participou uma vez de um concurso de imitadores de Charlie Chaplin, e acabou ficando em 3º lugar.
- De 1917 a 1918, o ator de cinema mudo Billy West fez mais de 20 filmes imitando meticulosamente O Vagabundo, com maquiagem e figurino.[24]
- No filme indiano Punnagai Mannan, Kamal Haasan inspirou-se em Chaplin para construir o personagem "Chaplin Chellappa".[25]
- Em 1985, Chaplin foi homenageado com sua imagem em um selo postal do Reino Unido, e em 1994 ele apareceu em um selo dos Estados Unidos, desenhado por caricaturista Al Hirschfeld.
- Na década de 1980, a IBM produziu uma série de comerciais com um imitador de Chaplin para divulgação de seus computadores.
- John Woo dirigiu uma paródia do filme The Kid, intitulado Hua ji shi dai (1981), também conhecido como Laughing Times.
- O asteróide 3623 Chaplin, descoberto pela astrônoma soviética Lyudmila Georgievna Karachkina em 1981, foi batizado em homenagem a Chaplin.[26]
- Em 1992, foi feito um filme sobre a vida de Charlie Chaplin, intitulado Chaplin, dirigido por Richard Attenborough e estrelado por Robert Downey Jr. e Geraldine Chaplin, a filha de Chaplin na vida real, interpretando sua própria avó. O filme foi indicado ao Oscar de Melhor Ator (Downey Jr.), Melhor Direção de Arte e Melhor Trilha Sonora.
- Em 2001, o comediante britânico Eddie Izzard interpretou Chaplin no filme The Cat's Meow, de Peter Bogdanovich, que especula sobre o caso ainda não resolvido da morte do produtor cinematográfico Thomas Ince durante uma festa em um iate bancada por William Randolph Hearst, na qual Chaplin era um dos convidados.
Um trecho do filme mudo The Bond (1918). |
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