quarta-feira, 13 de abril de 2011

SANTO DAIME

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O movimento religioso do Santo Daime começou no interior da floresta amazônica, nas primeiras décadas do século XX, com o neto de escravos Raimundo Irineu Serra. Foi ele que recebeu a revelação de uma doutrina de cunho cristão, a partir da bebida Ayahuasca (vinho das almas), por nós denominada Santo Daime.
A bebida, de uso bastante difundido pelos povos indígenas da região, é obtida pela coccão de duas plantas, o cipó Jagube (banesteriopsis caapi) e a folha Rainha (psicotrya viridis) ambas nativas da floresta tropical. Ela tem propriedades enteógenas, isto é, produz uma expansão de consciência responsável pela experiência de contato com a divindade interior, presente no próprio homem.
Segundo o próprio Mestre Irineu, ele recebeu essa Doutrina através de uma aparição de Nossa Senhora da Conceição,em uma das primeiras vezes que tomou a bebida, na região de Basiléia, Acre. Os hinos do Mestre, que ele começou a receber a partir do começo da década de 30 trouxeram uma forte ênfase nos ensinos cristãos e uma nova leitura dos Evangelhos à luz do Santo Daime, para afirmar, nos tempos de hoje, os mesmos princípios de Amor, Caridade e Fraternidade humana. 
Mestre Raimundo Irineu Serra nasceu em São Vicente Ferret, no Estado do Maranhão em 1892. No final da primeira década do século, embarcou para o então Território do Acre, onde se estabeleceu próximo à cidade de Basiléia, na fronteira do Peru. Foi alí, no coração das florestas da América do Sul, que o Mestre Raimundo Irineu Serra cristianizou as tradições caboclas e xamânicas da bebida sacramental ayahuasca, conhecida desde antes dos incas e rebatizou-a com o nome de Daime, significando, com isso, a invocação espiritual que deveria ser feito pelo fiel, ao comungar com a bebida: Dai-me amor, Dai-me Luz, etc.
Depois, foi para a cidade de Rio Branco, onde começou a trabalhar com um pequeno círculo de discípulos. Instalou definitivamente sua família e um grupo de seguidores na localidade denominada Alto Santo, onde trabalhou até fazer sua passagem em 6 de julho de 1971.
Um Evangelho nascido na floresta
A revelação do Santo Daime, na forma das visões que deram origem as músicas e as palavras dos hinos dos mestres que ainda hoje são cantados durante os trabalhos da doutrina, se constituem para os participantes numa nova revelação, o Terceiro Testamento, uma leitura do cristianismo à luz da ahyauasca. Este movimento típico de um novo início de era, foi capaz de motivar um povo a seguir um homem humilde e analfabeto, de grandes barbas brancas e muita sabedoria, chamado Sebastião Mota de Melo, que reuniu esse povo na floresta numa comunidade intencional e solidária, com a finalidade de viver uma vida mais espiritualizada e em harmonia com a Natureza. 
Sebastião Mota de Melo, nascido no Seringal Monte Lígia em 1920, desde cedo demonstrou propensão para fazer viagens astrais e ter visões dos seres encantados da floresta. Começou sua carreira de curador e rezador nos ermos do Vale do Juruá. Desenvolveu-se mediunicamente na Doutrina Espírita através de seu compadre Oswaldo, que era kardecista. Mudou-se para Rio Branco com a família em 1957, onde levava uma vida de colono e atendia doentes do seu círculo de parentes, compadres e afilhados. Foi um homem simples, de sólida conviccão espírita e trabalhador incansável.
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Discípulo do Mestre Irineu, recebeu deste o dom de expandir o Culto do Santo Daime por todo o país e além de suas fronteiras. Em 1974 mandou registrar sua entidade religiosa e filantrópica, denominada CeflurisCentro Eclético da Fluente Luz Universal Raimundo Irineu Serra, sociedade sem fins lucrativos responsável pelo trabalho espiritual desenvolvido com a bebida sacramental denominada Santo Daime. Em 1980 transferiu a comunidade, que vivia nos arredores de Rio Branco, para uma área virgem no interior da floresta, denominada Seringal Rio do Ouro.
Em 1982 fundou o assentamento que hoje vem a ser a Vila Céu do Mapiá, onde foi um incansável trabalhador, tanto na parte espiritual como material. Gostava de trabalhar na construção de canoas e fazer grandes caminhadas pela floresta que tanto amava e conhecia. Nos seus ·últimos anos recebeu carinhosamente os afilhados que chegavam de todas as partes do mundo. Fez algumas viagens ao sul do país para conhecer as igrejas que tinham se formado em torno dos seus ensinamentos. Só nesse momento foi que conheceu o mar, o que muito o emocionou. Faleceu em 20 de janeiro de 1990 no Rio de janeiro, onde se encontrava para se tratar de uma grave doença cardíaca que o acometera há alguns anos.

http://www.santodaime.org/origens/index.htm

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