terça-feira, 24 de agosto de 2010

A MÃO QUE DEVIA PROTEGER É AQUELA QUE ATACA

Reconhecendo sinais de abuso sexual em crianças

Bruno Ribeiro
Série Violência Sexual

A violência sexual contra crianças pode ocorrer tanto dentro quanto fora da família. No entanto, dados do Centro de Combate à Violência Infantil (Cecovi) revelam que 90% das agressões desse tipo são cometidas por pessoas próximas à vítima. Mas a psicóloga e coordenadora do CEDECA de Bento Rubião-RJ, Clayse Moreira lembra que é importante não generalizar. “Cada caso é um caso diferente” diz.
Geralmente o abuso sexual acontece pela utilização do corpo de uma criança ou adolescente para a satisfação sexual de um adulto ou de um adolescente, com ou sem o uso da violência física e de penetração. Para identificar que a criança foi vitima de violência sexual, ela sempre apresentará algum “sinal”. Mudança abrupta no comportamento, interesse em assuntos relacionados a sexo, queda no rendimento escolar, sonolência, agressividade, ansiedade, são sinais que a criança que foi vitima de violência sexual apresenta.
Entretanto, por ser praticado na maioria das vezes por pessoas que pertencem ao círculo social da criança, esse tipo de violência sexual tende a ocultar-se atrás de um segredo familiar, no qual a criança, comprometida com a manutenção e o equilíbrio da família ou então por medo, não revela seu sofrimento.
“A criança tem um padrão de convivência familiar. Qualquer mudança brusca nesse padrão pode significar um sinal”, explicou Clayse. “Pode ser qualquer mudança”, completa.
Sinais que podem indicar vítimas de abuso sexual
O importante ao procurar identificar sinais de que a criança é não generalizar. “O distúrbio alimentar, por exemplo, pode estar relacionada ao abuso sexual que a criança sofreu. Mas também pode estar relacionada a outras coisas, como doença ou problemas na escola. Por isso, o que o profissional deve buscar ao identificar que a criança sofreu esse tipo de violência é um conjunto de fatores no seu comportamento”, comentou Clayse.
Os professores devem ficar atentos ao sono excessivo dos pequenos. Isso porque a criança sofre esse tipo de violência durante a noite. “Ela pode apresentar muito sono durante o dia porque o abuso ocorra de noite. Vai depender do tipo de abuso”.
As mudança abruptas de comportamento devem chamar atenção dos pais. “Na cabeça da criança, a vida dela é uma rotina: tem a hora de ver TV, de estudar, de brincar. Ela costuma sempre fazer as mesmas coisas. Quando sai dessa rotina, vai estranhar e apresentar algum comportamento estranho. É muito importante ouvir a criança, por mais absurda que pareça sua história”.
Bebês
A psicóloga afirmou que a criança entre um e três anos não conseguem identificar esse tipo de violência como algo anormal. Por isso, os pais devem estar atentos ao comportamento dos pequenos. “Geralmente a criança nessa idade tende a repetir os atos dos adultos. Às vezes ela começa a fazer com ela mesma ou repetir os atos com as crianças da mesma idade”. Os pais e professores devem ficar atentos para qualquer curiosidade acima do normal ou qualquer comportamento mais erotizado das crianças nessa faixa de idade.
E quando se descobre que a criança sofreu abuso?
Quando os pais ou vizinhos descobrem que a criança sofreu algum tipo de abuso, devem ser tomado alguns cuidados. “É muito importante que os pais não façam estardalhaço ou fiquem perguntando muitas vezes para a criança”.
A repetição da agressão pelos pequenos podem causar o que os psicólogos chamam de “revitimização”. Muita criança adquire esse rótulo de que foi abusada, tornando algo complicado para ela porque todo mundo tende a ficar falando sobre o assunto. “O importante é ouvir a criança, acolher aquele sofrimento, escutar o que eu de fato aconteceu, não botando palavras na boca dela.”
Depois que foi identificado que o pequeno sofreu algum tipo de violência sexual, deve-se procurar apoio especializado. Psicólogos, posto de saúde, conselho tutelar, profissionais da área de saúde ou educação, delegacia especializada.
O que é abuso sexual?
Qualquer tipo de sedução, voyeurismo (olhar), tocar, desnudar, acariciar, levar a assistir ou participar de práticas sexuais de qualquer natureza envolvendo crianças e adolescentes constitui características desse tipo de crime.

Denunciar é preciso, mas com cautela

Bruno Ribeiro
Série Violência Sexual

Elas são abusadas diariamente. Só em 2009, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Humano da Paraíba (SEDH/PB) registrou 1.158 crianças e adolescentes que foram vitimas de abuso sexual. Além delas, 355 pequenos foram explorados sexualmente. E as denúncias e investigações para esse tipo de crime é fator fundamental para que ele possa ser extinto.
O primeiro passo é curto e grosso: se proteja. “Não tente ser o herói. Se você se expuser muito, pode prejudicar tanto você quanto a vítima”, disse o procurador geral da República e autor do livro “Segredos da Violência”, Guilherme Schelb, que dá orientações legais e pedagógicas sobre como prevenir, proteger e investigar crianças em situação de violência. “A segurança para cuidar da vitima começa em você”.
Antes de se fazer qualquer denúncia é necessário conhecer bem a autoridade para qual você vai encaminhar o caso ou a pessoa com quem você vai compartilhar sua desconfiança. “Até o 190 e as polícias Civil e Militar não são órgãos totalmente confiáveis. Você tem que saber acima de tudo com quem você pode contar efetivamente. Não dá pra confiar em autoridades antes de conhecê-la”, afirmou Guilherme.
Mas é possível sim ajudar as crianças e adolescentes vítimas de exploração sexual sem se prejudicar. E a palavra para se prevenir qualquer tipo de abuso é desconfiar sempre, mas com bastante atenção para não enxergar coisas onde não existe. “Tem que desconfiar de tudo. Não é pra ficar paranóico, mas é pra saber tudo sobre a criança, com quem anda, quem são seus amigos, professores”, alerta.
Intervenção Discreta
Quando a criança dá algum sinal de que foi vítima de algum tipo de violência, é necessário checar com seus colegas, com outros profissionais e com pessoas que estão em volta do pequeno, já que este sempre deixa passar alguma coisa. “O importante é jamais se expor pessoalmente. E tentar não se expor muito. Tem que tentar investigar no maior sigilo possível. Procure sempre contar com uma autoridade confiável para tomar a frente de tudo”, explicou.
É muito importante lembrar ainda que a intervenção deve ser discreta e preservar ao máximo a intimidade e a vida privada do jovem e de seus familiares, pois a divulgação indevida dos fatos pode causar mais danos à vítima do que o próprio abuso. O conselho tutelar e a polícia devem receber os encaminhamentos sobre a situação da criança e o ideal é que a direção da escola ou a Secretaria de Educação do município seja o órgão responsável pela denúncia.
Cuidados para não se precipitar
O procurador também alertou para o fato de que, mesmo sendo necessário desconfiar de qualquer sinal que a criança ou adolescente deixe explícito, não é bom se antecipar. “Os casos de investigação precipitada fortalece o abuso”. Isso ocorre porque o abusador pode desconfiar de que está sendo observado e cessar sua violência contra criança no período da investigação. “Depois que a policia sai da jogada, ele volta a violentar a criança, mas agora com o ‘aval’ das autoridades que não vão acreditar mais em você”.
O abuso sexual sempre deixa marcas que podem ser analisadas: lesões físicas, mudança de comportamento, baixo rendimento na escola. Quanto mais cedo esses casos forem analisados, melhor. “o arrependimento de quem poderia ter feito algo é muito triste”, completou Guilherme.
Leia outras matérias da série Violência Sexual

Trauma pós-violência

Bruno Ribeiro
Série Violência Sexual

Depois de ser abusada, elas contam a história várias vezes: primeiro para os pais ou para o profissional que descobriu a violência, depois para o conselho tutelar, o delegado, o psicólogo, o médico que faz o exame de corpo de delito e finalmente reconta perante um juiz, durante o processo judicial. A “revitimização”, como os especialistas chamam esse processo, pode ser tão traumatizante quanto a violência em si.
“A criança passa a vivenciar os danos que sofreu porque ela está relembrando e relatando tudo o que passou ao ser abusada sexualmente sem o devido tratamento. Isso faz com que ela se torne vitima novamente, mesmo só relatando os fatos”, explicou o psicólogo Gutemberg Almeida. “A principal conseqüência é que pode se aumentar mais as conseqüências do trauma na criança, dependendo do tipo de abordagem”, completou.
A criança que foi vitima de abuso ou exploração sexual chega a recontar sua história mais de três vezes. E dependendo do andamento do processo judicial contra o agressor, o último relato pode ocorrer anos depois do abuso ter ocorrido, forçando a criança a relembrar algo traumático e doloroso.
Processo mal feito pode aumentar o trauma
Para o advogado Renato Roseno, o processo de escutar o depoimento da criança tem problemas sérios. “O procedimento é mal feito e isso também causa violência e aprofunda o trauma. A criança tem que passar por muitos locais e o sistema inteiro é falho”, completou.
Um problema muito sério é que o depoimento da criança é relatado nas mesmas condições de quem recebe um depoimento de um adulto. “Geralmente, elas são ouvidas como qualquer adulto, às vezes, na frente do abusador ou da mãe que foi omissa. E isso é uma questão complicadíssima para a criança”, explicou a psicóloga e professora da Universidade Estácio de Sá (RJ), Beatrice Marinho.
“Muitas vezes não se leva em consideração as necessidades da criança. Não se faz um atendimento cuidadoso ou a longo prazo. A criança é apenas uma fonte da informação e não é como um sujeito de direito”, comentou Renato. Para o advogado, não basta apenas responsabilizar o agressor. “A rede de atendimento tem que restaurar a dignidade da vítima, fortalecê-la. Senão traumatiza a criança e ela desiste de dar o depoimento”, completa.
Formas de evitar a revitimização
Existem algumas saídas para evitar que o depoimento da criança a revitimize. “Ter um profissional especifico da psicologia ou de qualquer outra área que mexa com esse tipo tratamento é uma solução”, comentou Gutemberg.
“Eu acredito que é necessário repensar se todas as vezes que uma criança sofre violência sexual é necessária a presença dela no tribunal”, disse Renato. “Os laudos sociais, médicos e, psicológicos podem evitar que seja necessário que os pequenos tenham que ir ao tribunal”, completou.
Fazer um relatório único com o depoimento da criança, para que não se precise mais relatar o abuso é uma das saídas. Outro ponto que precisa ser pensado é a “humanização” de todo o sistema de atendimento. “É importante lembrar que o depoimento da criança tem que ser dada de forma humanizada, levando em conta principalmente ela, a vítima. E isso vale pra todo processo”, finalizou Renato.
Depoimento sem dano
Um dos projetos que visa minimizar os traumas causados em crianças e adolescentes que são levados a relatar os casos de abuso sofrido é o projeto “Depoimento sem Dano”. A metodologia da ação consiste em preparar uma sala especial, isolada e decorada com temas infantis, onde a criança, por intermédio de um psicólogo ou assistente social, daria o seu depoimento, que seria todo filmado. O profissional que estivesse conversando com a criança estaria com um ponto eletrônico ouvindo as perguntas solicitadas por um juiz que assistiria ao depoimento pelo vídeo do lado de fora da sala.
“Eu sou juiz há 22 anos e desde a primeira semana notei que essa tarefa de ouvir crianças no sistema de justiça muitas e muitas vezes era inapropriado: o local onde elas falam é o mesmo onde os adultos prestam depoimentos, o ambiente é formal, não existia uma preparação nem uma capacitação dos profissionais”, contou o juiz e criador do projeto, Daltoé Cesar. “O processo de ficar recontando causava traumas na criança a ponto dela não mais contar o ocorrido e a pessoa que seria responsabilizada não era”, completou.
Implantado inicialmente na da 2ª Vara de Infância e Juventude de Porto Alegre, atualmente o projeto é aplicado em 26 comarcas do Estado, além de vários outros locais pelo Brasil. Um dos principais objetivos do projeto é diminuir o número de vezes que a criança precise relatar o abuso. Para isso, é criado um fluxo municipal onde a criança daria seu depoimento uma única vez e quem precisasse escutar depois, assistira apenas o vídeo.
“O fato de falar sobre o mesmo fato várias vezes, relembrando, não é um processo curativo. Ela esta relatando para que pessoas tomem decisões com base nesse relato. Com esse fluxo, ela não precisaria estar relatando várias vezes”, completa.
O juiz ainda lembrou a dificuldade de se produzir provas para responsabilizar o agressor. “Não da pra comprovar por exames médicos. O relato da vitima é muito importante para punir o agressor.”
O que diz a Convenção dos Direitos da Criança
O artigo 12 da Convenção dos Direitos da Criança formulada pelas Nações Unidas assegura que a criança tem o direito de falar e de ser ouvida. Por isso, cabe aos Tribunais de Justiça de cada estado se adequar e capacitar seus profissionais através do “Depoimento sem Dano”. “Este projeto está apenas tentando buscar uma forma menos danosa dessa criança ser ouvida, de forma mais tranqüila pra ela e menos traumática”, finalizou a psicóloga Beatrice Marinho.

Violência Silenciosa

Bruno Ribeiro
Série Violência Sexual

Por causa de sua condição física ou mental, as crianças e adolescentes com algum tipo de deficiência estão mais vulneráveis a sofrer um abuso sexual, já que confiam muito no seu responsável. Quando essa pessoa, que deveria ser seu protetor, se aproveita desta condição para abusar sexualmente dela, as conseqüências são terríveis e as sequelas marcam toda sua vida. E o pior: esses casos não são poucos e é muito difícil detectá-los e denunciá-los.
“Ela possui uma relação especial de confiança com o adulto mais próximo e, se essa confiança é quebrada e a pessoa que deveria cuidar passa a abusar sexualmente dela, o abusador e os outros adultos passam a perder toda aquela credibilidade que foi adquirida ao longo dos anos. O pior é que ela pode achar esse abuso normal, no caso das crianças com deficiência intelectual, e essa violência pode ocorrer por anos a fio, além de ver todo como um abusador em potencial”, explicou o coordenador de Programas da Childhood Brasil, Itamar Gonçalves.
As crianças e os adolescentes que possuem algum tipo de deficiência estão mais expostos a esse tipo de problema por várias razões. Primeiro, porque a maioria é excluída do processo de contato social fora do espaço da família “O principal empecilho esta na sociabilidade dessa criança. Existem famílias que acabam escondendo elas. Isso faz com que ela tenha seu desenvolvimento comprometido e facilite a ação do abusador. A falta desse contato externo compromete a denuncia”, explicou Itamar.
A coordenadora dos programas de proteção aos direitos da infância da Unicef, Helena Oliveira, diz que a grande dificuldade se deve a própria característica desse tipo de violência “É difícil para a vitima desse tipo de violência formalizar, denunciar ou apresentar alguma reclamação. As evidências são indiretas por reações indiretas”, comenta.
Outro grande empecilho está na relação de confiança que a criança tem com o adulto. “Essa criança confia demais nesse adulto. Quando essa confiança é quebrada, as conseqüências são terríveis. E quando essa credibilidade é quebrada, essa criança dificilmente confiará em outra pessoa”, explicou Itamar.
Ainda segundo o coordenador, um outro obstáculo está no silêncio. “A violência sexual normalmente já é marcada pelo silêncio e medo. A deficiência potencializa isso. Há casos, em que a situação só vem à tona quando há uma gravidez”.
Formas de identificação
Uma criança que sofre abuso sempre dá algum sinal, daí a necessidade do adulto sempre estar atento para mudanças repentinas de comportamento. Geralmente, as crianças com deficiência que sofrem abuso resistem a fazer a higiene pessoal, apresentam piora no desempenho intelectual e mostram um comportamento sexual inadequado para a idade física e mental. “a presença de lesões físicas e baixa auto-estima podem ser um sinal de que alguma coisa está acontecendo”, explica.
Para Helena, as conseqüências são mais psicológicas. “Perda de apetite, dificuldade de aproximação, medo de aproximação de outras pessoas, determinada postura mais temerária, perda de rendimento escolar, agressividade, depressão. Enfim qualquer comportamento diferenciado que a criança que tenha deficiência passe a apresentar”, comenta. Existe dificuldade até de apurar as denuncias. “É um olhar muito delicado. E esse é um assunto muito sério porque envolve sensibilidade ate pra abordar a criança”, explica.
Prevenção
Para Itamar, a educação sexual é a melhor forma de prevenção. “A escola tem o papel de criar esse canal de segurança pra que essa criança possa se sentir a vontade relatar alguma coisa nesse sentido. E para isso, olhar do educador precisa ser treinado”.
Ainda segundo o coordenador, o caminho para enfrentar a violência sexual que afeta crianças e adolescentes, incluindo os com deficiência, está na atenção integral em áreas como saúde, educação e assistência. “Ás vezes, a criança revela o abuso na escola, no posto de saúde. E o profissional que a atende necessita estar preparado para identificar o problema e encaminhá-la à rede de assistência.” conclui.

Abusados podem se tornar abusadores?

Bruno Ribeiro
Série Violência Sexual

Nem todo mundo que é roubado se torna necessariamente um ladrão. Ou toda pessoa que é agredida se torna um agressor violento, por exemplo. Nesses dois casos, o que leva uma pessoa a cometer esse tipo de violência é conjunto de fatores sociais, culturais ou neurais, que variam de acordo com cada caso.
“Cada ser humano internaliza suas experiências de vida de maneira diferente. Não existem indícios concretos de que a criança que foi abusada possa vir a se tornar um abusador. Isso vai depender  muito de como cada pessoa individualmente vai lidar com essas questões” explicou o psicólogo Gutemberg Almeida. Por isso, a recuperação do pequeno depende da resposta que ela dará ao incidente.
Para a professora de Serviços Sociais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Maria Socorro de Sousa, não existe relação da criança que foi abusada vir a se tornar um abusador no futuro. “Isso é uma questão que envolve vários outros fatores. Ainda existe uma cultural patriarcal. A maioria dos abusadores são pais ou padrastos. Mas isso também não quer dizer que todo pai ou padrasto é um abusador. Não podemos generalizar”, comentou.
Não existe perfil
Estudos do Ministério da Justiça revelam que 95,7% dos abusadores são homens. Além disso, as meninas são as principais vitimas de abuso sexual. “Se essa lógica fosse certa, as mulheres deveriam ser as principais abusadoras”, completa a professora.
Outro ponto importante ressaltado pelos especialistas é que não existe um perfil dos abusadores. “A única coisa que se pode afirmar é que a criança que foi vítima de abuso sexual não vai ter o seu desenvolvimento sexual saudável”, ressaltou o coordenador de programas do Instituto Childhood Brasil, Itamar Gonçalves.
“Não existe uma característica que diga o abusador é assim e assim. São cidadãos normais, que vão a fábrica, ao escritório, às compras, ao cinema, etc. Podem ser médicos, padres, advogados. Estão em todas as classes sociais.”
Estigmatização é erro
A estigmatização é outra coisa que pode ser preocupante. Relacionar o abuso sexual com pobreza é facilmente conectado no Brasil. Entretanto, tanto pedófilos quanto vitimas de violência sexual podem ser encontrados em todas as classes sociais. “É comum associar violência sexual a fatores isolados. Mas é uma série de acontecimentos que contribuem para alguém vir a cometer esse tipo de violência. Tem muitos mitos acerca desse assunto”, explicou Gutemberg.
“Eles são difíceis de identificar porque não existe um perfil único. Não tem como delimitar essas pessoas. Algumas características internas existem, como o relacionamento que ele tem com a criança. Os pequenos tem uma relação de confiança e afetividade com o abusador. Mas quando se vai pra questões externas, não existe características únicas. Por isso é difícil identificar esse tipo de pessoa”, completou Itamar.
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Denunciar é preciso, mas com cautela

Bruno Ribeiro
Série Violência Sexual

Elas são abusadas diariamente. Só em 2009, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Humano da Paraíba (SEDH/PB) registrou 1.158 crianças e adolescentes que foram vitimas de abuso sexual. Além delas, 355 pequenos foram explorados sexualmente. E as denúncias e investigações para esse tipo de crime é fator fundamental para que ele possa ser extinto.
O primeiro passo é curto e grosso: se proteja. “Não tente ser o herói. Se você se expuser muito, pode prejudicar tanto você quanto a vítima”, disse o procurador geral da República e autor do livro “Segredos da Violência”, Guilherme Schelb, que dá orientações legais e pedagógicas sobre como prevenir, proteger e investigar crianças em situação de violência. “A segurança para cuidar da vitima começa em você”.
Antes de se fazer qualquer denúncia é necessário conhecer bem a autoridade para qual você vai encaminhar o caso ou a pessoa com quem você vai compartilhar sua desconfiança. “Até o 190 e as polícias Civil e Militar não são órgãos totalmente confiáveis. Você tem que saber acima de tudo com quem você pode contar efetivamente. Não dá pra confiar em autoridades antes de conhecê-la”, afirmou Guilherme.
Mas é possível sim ajudar as crianças e adolescentes vítimas de exploração sexual sem se prejudicar. E a palavra para se prevenir qualquer tipo de abuso é desconfiar sempre, mas com bastante atenção para não enxergar coisas onde não existe. “Tem que desconfiar de tudo. Não é pra ficar paranóico, mas é pra saber tudo sobre a criança, com quem anda, quem são seus amigos, professores”, alerta.
Intervenção Discreta
Quando a criança dá algum sinal de que foi vítima de algum tipo de violência, é necessário checar com seus colegas, com outros profissionais e com pessoas que estão em volta do pequeno, já que este sempre deixa passar alguma coisa. “O importante é jamais se expor pessoalmente. E tentar não se expor muito. Tem que tentar investigar no maior sigilo possível. Procure sempre contar com uma autoridade confiável para tomar a frente de tudo”, explicou.
É muito importante lembrar ainda que a intervenção deve ser discreta e preservar ao máximo a intimidade e a vida privada do jovem e de seus familiares, pois a divulgação indevida dos fatos pode causar mais danos à vítima do que o próprio abuso. O conselho tutelar e a polícia devem receber os encaminhamentos sobre a situação da criança e o ideal é que a direção da escola ou a Secretaria de Educação do município seja o órgão responsável pela denúncia.
Cuidados para não se precipitar
O procurador também alertou para o fato de que, mesmo sendo necessário desconfiar de qualquer sinal que a criança ou adolescente deixe explícito, não é bom se antecipar. “Os casos de investigação precipitada fortalece o abuso”. Isso ocorre porque o abusador pode desconfiar de que está sendo observado e cessar sua violência contra criança no período da investigação. “Depois que a policia sai da jogada, ele volta a violentar a criança, mas agora com o ‘aval’ das autoridades que não vão acreditar mais em você”.
O abuso sexual sempre deixa marcas que podem ser analisadas: lesões físicas, mudança de comportamento, baixo rendimento na escola. Quanto mais cedo esses casos forem analisados, melhor. “o arrependimento de quem poderia ter feito algo é muito triste”, completou Guilherme.
Leia outras matérias da série Violência Sexual
http://www.crianca.pb.gov.br/site/?p=2918http://www.crianca.pb.gov.br/site/?p=2918

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

LEI CONTRA A INTOLELÂNCIA RELIGIOSA JÁ ESTA FUNCIONANDO

Lei contra intolerância religiosa faz primeiras vítimas no Brasil
Pastor e rapaz evangélico negro são presos por "intolerância" às religiões afro-brasileiras. Caso inédito de prisão atiça adeptos do candomblé e umbanda a pedir ações da ONU contra evangélicos do Brasil
Um pastor no Rio de Janeiro foi preso sob acusação de discriminação contra a umbanda e contra o candomblé. A prisão temporária foi decretada pela 20ª Vara Criminal do Rio por incitação ao crime de intolerância religiosa, com base no artigo 20, da Lei Caó - que torna o crime de discriminação religiosa inafiançável e imprescritível. Ele foi preso juntamente com um membro de sua igreja, o jovem negro Afonso Henrique Alves Lobato, de 25 anos.
A prisão foi feita por ordem da delegada Hellen Rosemberg, que mandou cercar a Igreja Geração de Jesus Cristo durante a realização de um culto. Quando o culto terminou, os dois evangélicos foram presos. Segundo a imprensa, o Pr. Tupirani da Hora Lores, de 43 anos, e Lobato são acusados de incitar o preconceito contra as religiões afro-brasileiras e de atacar publicamente a polícia e as Forças Armadas. A prisão foi efetuada com base em vídeo que Afonso postou na internet, onde de acordo com a imprensa ele faz afirmações como "centro espírita é lugar de invocação do diabo"; "todo pai de santo é homossexual"; "a Bíblia diz que (...) a adoração por imagens e esculturas é abominação, então eu repudio aquelas imagens também".[1]
"Todo centro espírita é lugar de invocação do Diabo", diz Lobato no vídeo. Além disso, ele faz comentários sobre a polícia: "Aqueles policiais militares ignorantes pensam que são autoridade, mas para a igreja não são autoridade".
Em entrevista ao jornal EXTRA, do grupo Globo, Tupirani declarou que sabia do vídeo elaborado pelo membro de sua igreja. Mas ele não quis interferir na divulgação do vídeo. Pelo contrário, o pastor defendeu Afonso Henrique dizendo que o jovem tinha o direito de se expressar livremente. Mais tarde, segundo a imprensa, a polícia descobriu que Tupirani também havia divulgado na internet um vídeo em que ele declara que não reconhece as leis humanas, mas só a Bíblia.
"Eu não respeito satanismo; se alguns vão chamar isso de religião, é problema deles", diz ele no vídeo.
- Esse tipo de atitude é um risco à democracia - disse o pai-de-santo Ivanir dos Santos, membro da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR). [2]
O delegado Henrique Pessoa, representante da Polícia Civil na CCIR, diz que as imagens obtidas na internet foram importantes no inquérito. "Eles produziram provas contra si mesmos. Sem isso, seria muito mais difícil provar a incitação ao crime", diz. "Foi uma vitória, porque em geral o incitador fica isento de qualquer punição". [3]
O delegado foi comunicado da existência do vídeo, que agora é a principal base da acusação, pela CCIR, composta também por adeptos do candomblé e da umbanda.
- A prisão dos dois acusados visa a garantir a ordem pública. Esses dois indivíduos estavam usando a internet para difundir suas idéias nefastas e incentivar a violência e a intolerância religiosa - disse o promotor Márcio José Nobre. [4]
O pai-de-santo Caio de Omulu, que diz que "os mais atingidos pela intolerância religiosa têm sido os umbandistas e as religiões afro-brasileiras", elogiou a atuação da CCIR e parabenizou os pais-de-santo Etiene Sales e José Carlos Godinho, que são membros atuantes da CCIR. [5]
Precedente perigoso contra os cristãos
Esse é o primeiro caso decisivo onde uma lei contra a "intolerância religiosa" faz vítimas no Brasil. Se condenados, o pastor e o jovem negro poderão passar entre dois e cinco anos na cadeia e terão de pagar multa, ainda podendo ser condenados civilmente a indenizar pais-de-santo.
Desde a esquerdista Folha de S. Paulo até a Globo - antiga "amiga" dos evangélicos - têm noticiado a prisão inédita. De acordo com a Folha de S. Paulo, o caso ganhou tanta atenção da mídia e do governo que, aproveitando a oportunidade, "a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa entregou ao presidente do Conselho de Direitos Humanos da ONU, Martin Uhomoibai, e à Secretaria de Promoção da Igualdade Racial relatório que diz existir uma 'ditadura religiosa' promovida pelos neo-pentecostais no Brasil. O documento aponta a Igreja Universal do Reino de Deus como propagadora da intolerância religiosa no país, incitando a perseguição, o desrespeito e a 'demonização', especialmente da umbanda e do candomblé".[6]
O relatório entregue à ONU acusa de "racismo" a IURD e as igrejas evangélicas brasileiras que pregam contra as práticas e crenças da umbanda e do candomblé. Uhomoibai prometeu investigar as denúncias e lembrou que o governo Lula é exemplo no mundo inteiro pelas ações de combate ao racismo e à discriminação.[7]
Não é a primeira vez que a ONU recebe esse tipo de queixa do Brasil. Em 20 de abril de 2009, representantes do governo do Brasil estiveram presentes na conferência da ONU contra o racismo, em Genebra, na Suíça. Um dos palestrantes, o presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad, acusou, como sempre, Israel de "racismo". Em protesto, várias delegações se retiraram. A delegação do Brasil não se retirou - por respeito à amizade entre Ahmadinejad e Lula -, e um de seus membros, o pai-de-santo Ivanir dos Santos, acusou oficialmente os evangélicos do Brasil de "racismo". Ele disse na ONU:
"Um novo tipo de perseguição religiosa no Brasil, que tem como alvo os terreiros de candomblé e os praticantes de cultos africanos, em atos provocados por neo-pentecostais. O Brasil, diz ele, é o único país que mantém o culto trazido pelos escravos e essa prática tem de ser defendida".
Pastor é assassinado por pai-de-santo incorporado: Cadê a lei contra "intolerância" religiosa?
Claro que o pai-de-santo Ivanir ficou e ainda está de boca fechada com relação ao caso do pastor assassinado por um pai-de-santo. Em 20 de dezembro de 2008, foi assassinado no Rio Grande do Sul o Pr. Francisco de Paula Cunha de Miranda, de 47 anos. O pastor, que era negro (e não pode, nem depois de sua morte, ser acusado de "racismo"), estava no 33º dia de jejum de uma campanha de oração quando o pai-de-santo Júlio César Bonato, sob possessão da entidade "cultural" exu caveira, saiu do terreiro em pleno ritual para ir até o pastor.[8]
O pai-de-santo voltou a seu ritual com sua faca ritualística ensangüentada.
O pastor, que estava bem fraco devido ao longo jejum, foi morto a golpes de faca.
Se fosse o crime de um pai-de-santo assassinado por um pastor, a mídia brasileira e o governo Lula não parariam de fazer barulho. E o pai-de-santo Ivanir dos Santos estaria gritando na ONU, usando e abusando do "exemplo" do ódio dos evangélicos à "cultura" afro-brasileira.
Entretanto, esse não foi o caso, de modo que o governo Lula e a mídia dispensam o barulho. Aliás, eles optaram pelo abafamento. Até agora o caso do pastor negro não chegou à grande imprensa brasileira. E se algum dia chegar, darão um jeito de culpar a vítima, que está morta e não pode se defender.
Enquanto isso, facadas estatais e midiáticas atacam e silenciam toda tentativa de alerta cristão contra a séria ameaça da feitiçaria.
Ameaça aos testemunhos cristãos?
Pessoalmente, desaprovo e abomino o apoio da Igreja Universal ao aborto. Mas só porque tenho essa discordância não é justo eu concordar que os pais-de-santo apoiados pelo governo Lula estão certos em lançar a acusação de "racismo" contra a IURD.
Embora eu não concorde com os métodos de libertação da IURD, é inegável o fato de que aqueles que ali vão em busca de libertação e escolhem uma mudança de vida têm o direito de se desfazer de suas imagens e outros objetos do candomblé e umbanda. Eles também têm o direito de dizer o que foi a umbanda e o candomblé para eles, de dizer que a bruxaria mata e destrói e o que Jesus fez por eles.
Minha própria mãe, que foi liberta de suas atividades e escravidão na umbanda, destruiu todos os objetos da umbanda, entendo-os biblicamente como objetos de bruxaria. Ela fez exatamente o que os primeiros cristãos faziam:
"Então muitos dos que creram vinham e confessavam publicamente as coisas más que haviam feito. E muitos daqueles que praticavam feitiçaria ajuntaram os seus livros e os trouxeram para queimar diante de todos. Quando calcularam o preço dos livros queimados, o total chegou a cinqüenta mil moedas de prata." (Atos 19:18-19 NTLH)
Normalmente, a pessoa que tem um encontro com Jesus lê a Bíblia, onde se depara com as seguintes instruções:
"Não ofereçam os seus filhos em sacrifício, queimando-os no altar. Não deixem que no meio do povo haja adivinhos ou pessoas que tiram sortes; não tolerem feiticeiros, nem quem faz despachos, nem os que invocam os espíritos dos mortos. O SENHOR Deus detesta os que praticam essas coisas nojentas e por isso mesmo está expulsando da terra esses povos, enquanto vocês vão tomando posse dela." (Deuteronômio 18:10-12 NTLH)
Seguindo a orientação da Bíblia, a pessoa tem a liberdade de dar testemunho público de sua transformação e de se desfazer publicamente de seus objetos de bruxaria.
Embora as igrejas cristãs aceitem e sigam a condenação da Bíblia contra a bruxaria, pastores não incitam suas igrejas a matar pais-de-santo ou a invadir, sem nenhum consentimento e permissão, lugares de umbanda e candomblé para destruir objetos de invocação aos exus.
Vítimas da lei de "intolerância" religiosa usadas para abafar o caos da segurança pública no Rio?
O caso do pastor e do jovem negro ocorreu no Rio de Janeiro, onde o governador Sérgio Cabral se declarou publicamente a favor da descriminalização das drogas, aborto e homossexualismo. Seu estado é responsável por mais de 50% de todos os 50 mil assassinatos que ocorrem no Brasil a cada ano. São mais de 26 mil pessoas assassinadas por ano no Rio. Mesmo assim, Sérgio Cabral, que não enfrenta nenhum tipo de ameaça de prisão por defender a descriminalização das drogas, do aborto e do homossexualismo, não consegue prender a maioria dos criminosos que fazem milhares de vítimas todos os anos em seu estado. Mas ele consegue prender um pastor e um jovem negro.
O caso do pastor e do jovem negro deram uma vantagem importante ao governador do Rio. Com milhares de crimes ocupando a atenção e o medo da população do Rio, a repercussão das primeiras vítimas de "intolerância" religiosa ajudou os habitantes do Rio a se esquecerem, pelo menos por alguns dias, dos muitos reais assassinatos e estupros que ocorrem diariamente.
Se os supostos "crimes" de intolerância religiosa atraem tanto assim a atenção, talvez Cabral precise mandar prender mais alguns pastores para ajudar a disfarçar o caos da segurança pública no Rio. Não faltarão vítimas para prender, pois não há pastor que não creia que o candomblé e a umbanda sejam bruxaria, e não há pastor que não creia que os exus são demônios.
Não faltará muito para mais pastores serem presos, pois o Rio está avançando muito na proteção oficial às religiões afro-brasileiras. Recentemente, conforme alertou o Dr. Zenóbio Fonseca, a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro aprovou 3 leis que transformam a Umbanda, o Candomblé e o Dia de Iemanjá como patrimônio e propriedade imaterial do Estado do Rio de Janeiro. O Dr. Fonseca explica as consequências:
- A Constituição Federal prevê no art. 216 que os bens de natureza imaterial constituem patrimônio cultural brasileiro e que os danos e ameaças a eles devem ser punidos na forma da lei, isto é, eles recebem a proteção direta do Estado. A transformação de entidades espirituais como os orixás e os caboclos em patrimônio e propriedade imaterial de início obriga o Estado do Rio de Janeiro a repassar dinheiro para divulgação e proteção dessa chamada "cultura religiosa" nas repartições públicas através das Secretarias de Cultura, Turismo, Educação, Segurança.[9]
Espetáculo versus Justiça
O caso de um pastor e um jovem evangélico negro, que não mataram nem violentaram nenhuma pessoa da umbanda e candomblé, está sendo usado pelos pais-de-santo para que a ONU intervenha no Brasil contra os evangélicos? Então use-se o caso do pastor que foi assassinado por um pai-de-santo e muitos outros casos de meninos estuprados, sacrificados e assassinados por pais-de-santo para pedir que a ONU tome medidas imediatas para fechar todos os lugares de umbanda e candomblé no Brasil. Só há um problema: a ultra-liberal ONU, que está implantando seu governo mundial com sua fiscalização em todas as áreas da vida humana, está sempre pronta para condenar os cristãos e Israel.
O único recurso dos acusados seria depender de uma imprensa imparcial - espécie que é inexistente no Brasil. Uma cobertura jornalística imparcial e objetiva expõe os dois lados de uma notícia. Onde os acusados encontrarão tal milagre no Brasil
Dentro do espírito de liberdade de expressão e livre pensamento, é necessário, por mais doloroso que seja, dar aos acusados a oportunidade de falarem, pois o que está em andamento contra eles é um linchamento estatal, moral e midiático. É um fato reconhecido que tanto o governo estadual (de Cabral) quanto o governo federal (de Lula) são fortemente abusivos em matéria de moral e bons costumes.
Se Tupirani e Lobato agiram mal, eles devem ser julgados sem o excesso de abuso, oportunismo e sensacionalismo de promotores, delegados e outras autoridades políticas. Deve haver espaço para julgamento, mas não para linchamento. Que eles sejam julgados pela Justiça, não por aproveitadores.
"Prendam todos os que desrespeitam a polícia e as Forças Armadas"
- Desta vez, será aberto um inquérito pelo crime de intolerância religiosa, previsto na Lei Caó. A pena varia de dois a cinco anos de reclusão. Vamos tentar pedir a prisão desse rapaz. No vídeo, ele demonstra que não tem qualquer respeito à lei e às autoridades constituídas. Pessoas assim são de extrema periculosidade - afirmou o delegado Henrique Pessoa.[10]
O delegado estava sem dúvida se referindo à opinião imprudente do jovem Afonso Henrique, que disse no vídeo: "Aqueles policiais militares ignorantes pensam que são autoridade, mas para a igreja não são autoridade".
Os policiais, junto com os militares, são responsáveis pela segurança da sociedade e da nação. Não dá para imaginar segurança social e nacional sem eles. Graças a eles, o Brasil escapou de uma sangrenta tirania comunista em 1964.
Há no Brasil excelentes policiais e militares. Além disso, há milhares de cristãos dedicados na polícia e nas Forças Armadas. Eles sofrem muito não só quando vêem um pastor generalizando ataques a eles, mas também quando têm de aturar o próprio presidente, juntamente com seu ministro da [in]Justiça, tentando transformar em criminosos os militares e policiais que salvaram o Brasil de terroristas assassinos e outros criminosos comunistas na década de 1960 e 1970.
Eles merecem recompensas e respeito por tudo o que fizeram, mas infelizmente sob FHC e agora sob Lula, quem recebe indenizações bilionárias - arcadas com o suor do bolso de quem paga impostos - são exatamente os que ameaçaram o Brasil e cometeram violências irracionais. Há insulto e ultraje maior à polícia e às Forças Armadas do que honrar aqueles que mataram policiais, soldados e inocentes cidadãos brasileiros?
É muito admirável o trabalho árduo da polícia e das Forças Armadas para combater a criminalidade comunista nas difíceis décadas de 1960 e 1970. Embora na esfera política eles tenham cometido erros, é inegável que na esfera criminal tanto a polícia quanto as Forças Armadas tiveram um papel exemplar e devem ser respeitadas por tudo o que fizeram para libertar o Brasil da ameaça comunista.
O pastor e o jovem negro imprudentes devem ser presos por desrespeito à polícia e às Forças Armadas? Joguem na mesma cela, por favor, outros implicados em ultrajes muito mais sérios às Forças Armadas, inclusive o Presidente Lula e sua equipe ministerial.
Acusar e prender pobres e ricos indistintamente, eis a questão
O pastor e o jovem negro imprudentes devem ser presos por desrespeito às religiões afros? O que deve ocorrer então aos que desrespeitam o Cristianismo? Quem é que vive chamando os cristãos de hipócritas?
Não conheço a versão do pastor e do jovem negro acusados. Até agora só tive acesso à versão da imprensa secular, com seu clássico jornalismo "objetivo e imparcial". Se eles passaram dos limites, precisamos ter o cuidado para não deixar o governo e a imprensa secular abusarem da situação para generalizar, classificando os valores afros como sagrados e intocáveis. Se eles agiram certo, Deus os honrará contra a truculência estatal e o linchamento midiático. Se não, eles serão envergonhados por suas próprias ações.
Seja como for, o pastor e o jovem negro não são os primeiros brasileiros a dizer bobagens. Aliás, gente que fala bobagem é o que não falta no Brasil, desde o presidente - que defende Fidel Castro, Mahmoud Ahmadinejad e Hugo Chavez como homens bons - até os pobres, que dizem que Lula é um homem bom só porque lhes dá o suborno da Bolsa Família. Por incrível que pareça, há até evangélicos que repetem como papagaios as bobagens de Frei Betto e Boff.
Quem pode então condenar o pastor Tupirani da Hora Lores, que aprovou a idéia de Afonso Henrique Lobato de postar na internet um vídeo contra os atos anti-bíblicos das religiões afros, os pais-de-santo e a polícia?
- Apoio a decisão de Afonso Henrique. A liberdade de expressão é um direito de todos. Não sou a favor das leis feitas no Congresso. Lei é a Bíblia. Ela eu defendo com unhas e dentes - comentou o pastor, antes da prisão.
As opiniões de Tupirani e Lobato são estranhas e muito radicais, mas o que acontecerá ao Brasil e ao seu presidente se prenderem todos os estranhos e radicais?
Apesar de tudo, a imprensa diz que o pastor havia alertado Afonso Henrique das consequências que poderiam surgir com a divulgação do vídeo:
- Eu perguntei ao Afonso Henrique: É isso que você vai colocar na internet? Está preparado para assumir as consequências?
O pastor Tupirani declarou que não tinha como impedir as atitudes dos membros que frequentam sua Igreja Geração de Jesus Cristo.
- Os membros da minha igreja não têm que seguir o que eu penso. Todos eles são responsáveis por seus atos - enfatizou o pastor.
Em vista da garantia constitucional de liberdade de expressão, o pastor achava difícil que Afonso Henrique fosse preso por causa de seu vídeo:
- Se ele for chamado para depor por causa desse vídeo, a polícia terá que ouvir também outros milhares de pessoas que colocam outros tipos de vídeos na internet. Estamos preparados para dar apoio jurídico a ele.[11]
O vídeo que, que acabou sendo usado para provocar a prisão sensacionalista de Afonso Henrique e seu pastor, está aqui: http://www.youtube.com/watch?v=QKwjd096b80
No vídeo, Afonso Henrique aparece explicando suas opiniões e atitudes contra as práticas anti-bíblicas das religiões afro-brasileiras, inclusive sua própria defesa contra o que a imprensa chamou de invasão dele a um centro espírita.
O site do Pr. Tupirani é este: http://ogritodameianoite.spaces.live.com
Para quem é afinal a lei e a liberdade de expressão da Constituição?
A Constituição brasileira garante liberdade de expressão. Por isso, seria justo prender o pastor e o jovem negro, e deixar de fora os que defendem o aborto e o homossexualismo?
A Constituição também estabelece que todos são iguais. O pastor e o jovem negro desrespeitaram a polícia e as Forças Armadas e devem ser presos? E o que fazer com Lula, Dilma Rousseff e outros que há décadas expressam piores insultos contra a polícia e as Forças Armadas?
É muito fácil expedir ordem de prisão para um pastor e um jovem negro que não são ricos, acusá-los de idéias nefastas e dizer que eles são "de extrema periculosidade". É muito fácil fazer um show e espetáculo em cima de quem é pobre. Mas quem terá a mesma coragem de expedir uma ordem de prisão para Lula, Dilma Rousseff e outros que são ricos? Quem irá acusá-los de idéias nefastas e dizer que eles são "de extrema periculosidade"?
Por mais estranho e repulsivo que pareça, é preciso também assegurar aos pobres, em seu próprio linguajar limitado, bruto e inculto, seu direito de livre expressão - mesmo que discordemos de todas as suas opiniões, estilos e idéias. Ou jogue-se a Constituição no lixo.
Ou então, fica agora decretado, por sua excelentíssima e imperial Paranóia politicamente correta, que todos os paranóicos politicamente corretos estão isentos da lei e da ordem. Aos infratores? A paranóica lei politicamente correta.
Cristãos na contramão do Estado-deus-pagão
Eu e a maioria dos cristãos que crêem em libertação espiritual não seguimos o estilo e os métodos do Pr. Tupirani e do jovem negro Henrique Afonso, mas todos nós seguimos e obedecemos aos mandamentos claros de Deus, que condenam explicitamente práticas de bruxaria. De que forma então o combate à intolerância religiosa fomentado pelo Estado poderá implicar em prejuízos para nós evangélicos e católicos?
Dois exemplos reais dão amostra do que está por vir:
No Rio, o pastor da Igreja Evangélica Assembléia de Deus Trabalhadores da Última Hora fez o que o governo, apesar de toda a carga de impostos que cobra, não faz: reabilitar um criminoso. O Pr. Isaías da Silva Andrade recebeu em sua igreja Rodrigo Carvalho Cruz, conhecido como "Tico", acusado como autor de roubo e da morte do turista italiano George Morassi, em novembro de 2007. Ali, Tico recebeu o Evangelho e aceitou Jesus.
Em seguida, o pastor aconselhou o criminoso arrependido a se entregar para a polícia. Na delegacia, o pastor, inocentemente, relatou: "Tico estava possuído por uma legião de demônios, como o Exu Caveira e o Zé Pilintra. Fizemos uma libertação nele e o convencemos a se entregar hoje". Por causa dessa declaração, o pastor, que é afro-descendente, caiu vítima da Lei Caó, sendo denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por prática de preconceito religioso contra as entidades do candomblé.
Fazendo aplicação do artigo 20 da Lei Caó, a promotora Márcia Teixeira Velasco fez questão de ser a autora da denúncia contra o pastor afro-descendente, expressando a opinião de que o candomblé e seus praticantes "foram atingidos diretamente com a declaração racista e discriminatória, eis que o denunciado vilipendiou entidades espirituais da matriz africana, com a espúria finalidade de proteção de autor de nefasto crime".
O caso, que está sendo acompanhado pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa e seus assessores pais-de-santo, foi o primeiro onde um pastor foi denunciado criminalmente por "discriminar" religiões afro-brasileiras como o candomblé. Se condenado, o pastor pode pegar de dois a cinco anos de cadeia.
Outro caso surpreendente envolveu o Pe. Jonas Abib, autor do livro, "Sim, Sim! Não, Não! Reflexões de Cura e Libertação", que adverte os leitores contra os perigos do ocultismo, inclusive as religiões afro-brasileiras. De acordo com o site do Pe. Abib, o livro já teve 81 reimpressões e vendeu mais de 400 mil exemplares. O site também diz:
"Pe. Jonas, assim como Paulo, ousadamente denuncia as obras das trevas, levando o leitor a se conscientizar sobre o controle da mente, a ioga, a astrologia, a magia e a evocação dos mortos, revelando a verdade sobre as obras das trevas, com as quais é preciso romper urgentemente".
Contudo, autoridades baianas confiscaram todos os livros do padre no estado da Bahia. O promotor público Almiro Sena acusou Abib de "fazer declarações falsas e discriminatórias sobre o espiritismo e sobre as religiões da África, como a umbanda e o candomblé, assim como incitação flagrante à destruição e desrespeito a seus objetos de culto".
Ele acrescentou que a violação é mais grave porque "a Constituição estadual [da Bahia] diz que é obrigação do Estado preservar e garantir a integridade, respeitabilidade e permanência dos valores das religiões afro-brasileiras".
O Pr. Isaías da Silva Andrade e o Pe. Jonas Abib nada mais fizeram do que conscientizar e ajudar pessoas debaixo da opressão e engano de práticas ocultistas. Eles nada mais fizeram do que viver o que a Bíblia prega.
Numa época em que o Estado procura se distanciar tanto dos valores cristãos, é de estranhar sua aproximação aos valores ocultistas. Onde está a tão proclamada separação de Estado e religião?
O preço do combate estatal à intolerância religiosa é a satanização das leis, onde o Estado sob possessão socialista sacralizará o que não é sagrado, trazendo como conseqüência direta a demonização do Cristianismo e seus valores, e a censura e perseguição aos cristãos.
O que fazer diante de tanta distorção?
Independente do fanatismo do Pr. Tupirani e do jovem Henrique Afonso, enquanto o Rio de Janeiro sofre assassinatos e crimes em massa, o governador Sérgio Cabral está preocupado em proteger demônios e seus lugares de adoração - sem mencionar sua preocupação com homossexualismo e aborto.
Enquanto o governo avança agressivamente, por meio de leis anti-discriminação, na proteção e sacralização das práticas e entidades espirituais das religiões afro-brasileiras, políticos evangélicos aliados de Lula como Marcelo Crivella e Manoel Ferreira afirmam, como eu mesmo os ouvi dizendo pessoalmente, que vão trabalhar para aprovar todas as leis anti-discriminação. O inferno lhes agradece!
Enquanto o caso de um pastor assassinado por um pai-de-santo incorporado clama por justiça, governo e mídia se aliam para sacralizar e proteger as próprias fontes do mal, aprovando leis ameaçadoras debaixo do nariz de deputados evangélicos.
Mesmo sabendo que a Bíblia deixa bem claro que práticas de bruxarias trazem graves maldições à sociedade, inclusive aumentando a criminalidade, nenhum pastor cheio do Espírito Santo mata pais-de-santo. Mas um pai-de-santo ou qualquer outra pessoa incorporada pode matar qualquer um, seja pastor ou não.
Milhares de ex-pais-de-santo dão testemunho de que Jesus salva, e não mata. Mas igualmente eles podem declarar que a bruxaria destrói e mata. Eles também têm o direito de alertar que nos terreiros de umbanda e candomblé casamentos são destruídos, vidas arruinadas, etc.
Eu próprio, que durante minha infância era frequentemente levado aos terreiros por minha mãe que trabalhava ativamente na umbanda, sou testemunha da destruição de suas práticas e demônios. Mas também sou testemunha da graça, amor e poder de Jesus, que foram muito abundantes em nossas vidas, trazendo libertação, cura, salvação e paz. Portanto, nem mesmo o governo Lula, em todo o seu atrevimento anticristão, tem o direito de tirar de pessoas como eu o direito de dizer a verdade sobre as religiões afro-brasileiras e sobre Jesus.
Enquanto mídia e governo são ousados para promover a "santidade" da bruxaria, é necessário que os cristãos sejam ousados para proclamar tudo o que Deus diz em Sua Palavra sobre a bruxaria e sobre o poder que Jesus Cristo tem para libertar a todos dessa escravidão
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 http://www.midiasemmascara.org/artigos/direito/7585-lei-contra-intolerancia-religiosa-faz-primeiras-vitimas-no-brasil.html

A Intolerância Religiosa da Prefeitura Municipal de S.Paulo Carta de Repúdio

ainda temos que ver muitas entidades mobilizadas,para que respeitemos nossos irmãos: um dia não precisaremos mais de cartas como esta para que nos façamos respeitar. 
A Intolerância Religiosa da Prefeitura Municipal de S.Paulo
Carta de Repúdio
Torna-se público o seguinte Manifesto:
Conforme diz a constituição Brasileira, (Art. XVIII) “Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, em público ou em particular”.
Na contra mão da luta por políticas que garantam o respeito à diversidade, a Prefeitura de São Paulo implementa uma ação claramente discriminatória e de intolerância religiosa. O exemplo mais gritante é de tentar expulsar a Associação Cultural Religiosa e Beneficente “Comunidade de Oyá e Ogum - Ilê Alaketú Axé Egbé Oyá Ogun, do Planalto Paulista”, onde está localizada no mesmo endereço, há mais de 25 anos.
A Associação desenvolve atividades voltadas a assistência a pessoas carentes e ao culto religioso. Durante esse tempo a Comunidade reforçou a crença na busca pela radicalização da democracia e pela universalização o dos direitos humanos, econômicos, sociais e culturais, e principalmente, pela erradicação do racismo e da intolerância religiosa.
A comunidade convive em Paz no mesmo bairro com diversos templos de outras religiões, como a Igreja Missionária, Igreja Metodista, Paróquia Nossa Senhora de Lourdes e Igreja Ortodoxa Presbiteriana Santa Maria.

O direito a liberdade religiosa é um princípio da igualdade. Por essa razão nós dos movimentos Negros, Mulheres e seguidos por vários outros movimentos da cidade e estado de São Paulo, repudiamos a ação da prefeitura que expressa a mais absurda demonstração de intolerância religiosa contra este templo de “Matriz Africana” e exigimos o direito à permanência da Associação em seu atual endereço. Declaramos o nosso total apoio e solidariedade a “Comunidade de Oyá e Ogum”.

SÃO PAULO,
JANEIRO DE 2010.

Assinam esta Carta:

- Sociedade Comunitária “Fala Negão/Fala Mulher” da ZL/SP
- MNU - Movimento Negro Unificado
- CONEN - Coordenação Estadual de Entidades Negras
- CEABRA - Coletivo de Empresários Afro-brasiliros
- SOWETO - Organização Negra.
- MOCUTI - Movimento Cultural Cidade Tiradentes
- Coordenador Municipal da UNEGRO de Guarulhos
- Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Sindicato dos Jornalistas (COJIRA-SP)
- SOS Racismo – Assembléia Legislativa de São Paulo
- Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de São Paulo – Presidente Deputado Estadual José Cãmdido
- Instituto Terceiro Corpo
- Fórum das Religiões Afro-brasileiras de São Paulo – FOESP
- Babalorixá Kaobakessy – Edson Ribeiro Mandarino
- Tata Matãmoridê – Eduardo Brasil
- Portal do Candomblé - SP
- Antonia dos Santos Garcia-Socióloga,Doutora em Planejamento Urbano e Regional-IPPUR/UFRJ

- Camila Furch – SOF e Marcha Mundial das Mulheres
- Camila Cardoso Diniz – aluna da UNIFESP – curso de Filosofia
- CENARAB/SP
- Coletivo Dandara-Grupo Feminista da Faculdade de Direito da USP
- Isadora Brandão – Coletivo Dandara
- Conselho Nacional de Iyálorisás, Egbomys e Ekedys Negras/SP
- Doné Kika de Bessen
- Dora Martins dos Santos
- Egbomy Silvia de Oyá
- Espaço Lilás/SP
- Flavia Pereira – Casa da Mulher Lilith /SP
- Luiza E. Tomita – Secretária Executiva e Tesoureira da ASETT
- Marcha Mundial das Mulheres/SP
Maria Fernanda Marcelino – UNIFESP e MMM
- Egbomy Marisabel de Xangô – Presidente Coletivo das Mulheres de Axé da Comunidade de Oyá e Ogun e MMM
- Nalú Faria – MMM e REMTE
- NATA-Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Sindicato dos Jornalistas (Cojira/SP)
- Neuza Tito – REF Brasil
- Observatório da Mulher
- Oriashé- Sociedade Brasileira de Cultura e Arte Negra
- Rachel Moreno – Observatório da MulherRenata Faleiros Moreno – REMTE e MMM
- Rosangela Rigo-Secretária Estadual de Mulheres do PT
- SOF – Sempreviva Organização Feminista
- Sonia Coelho – CMS
- Vera Lúcia Santana Araújo – Brasília, Advogada
- UARAB – União dos Adeptos das Religiões Afro-Brasileiras
- Vodunci Zindzi de Oyá
- Ilê Araxá de Olocum, Reino de Xapanã e Oxum
- Anna Paula Silva Cesário
- SAPATÀ –Rede Nacional da Promoção e Controle da Saúde das Lésbicas Negras
- Coletivo Nacional de Lésbicas Negras Feministas Autônomas- Candaces Br
- Fernanda Estima –jornalista, Ciranda Independente da Comunicação e Rede Paulista pela - Democratização da Comunicação e Rede Paulista pela Democratização da Comunicação
- Jarbas Ricardo Almeida Cunha – CONLUTAS/ MG
- Letícia Yumi Shimoda – MMM
- Elaine da silva Campos – WENDO/SP
- Kiambote – MONABANTU/MG
- Makota Kisandembu Kiamaza – Coordenação Executiva e Comunicação - - MONABANTUMG
- Maria Giuseppina Curione – MMM
- Iyálorisá Klau de Sapatá (Claudete Costa) do Ylê Araxá de Olocum, Reino de Xapanã e Oxum/RS (Nação Jejé Ijexá/Banto
- Camila Cristal – UARAB
- Adriana Luza da Cunha
- Procuradora Màe Suzana Andrade – Uruguay
- Grupo ATABAQUE – Uruguay
- Federación IFÁ Del Uruguay
- Casa da Cultura da Mulher Negra – Santos /SP
- Juliana Borges – Diretora de Movimentos Sociais da UEE/SP-Coordenadora Municipal da Juventude

Negra do PT
- DCE – Reconstrução Gestão 2008 – PUCCAMP
- José Sotero de Barros
- Egbomy Oyassidinann -Comunidade Oyá e Ogun
- Paulo José Manzano – Comunidade de Oyá e Ogun
- Ekedy Kiyágonarê – Comunidade de Oyá e Ogun
- Maria Aparecida Avelino de Souza- Comunidade de Oyá e Ogun
- Silvana Venâncio – Comunidade de Oyá e Ogun
- Ogan Carlos de Oxalá (Carlos Alberto dos Santos Aguado)- Comunidade de Oyá e Ogun
- Terezinha Venâncio de Souza – comunidade de Oyá e Ogun
- Terezinha Ribeiro Venâncio – Comunidade de Oyá e ogun
- Rede Mulheres Negras - PR
- Igor Moreira Aguado – Comunidade Oyá e ogun
- Afarodé (Ricardo Godoy Pedroso) – Comunidade de Oyá e Ogun
- Kelly Cristiane d. Pedroso- Comunidade de Oyá e Ogun
- Carmem Lydia M. Godoy – Comunidade de Oyá e ogun
- IPJ - Instituto Paulista de Juventude
- Marinalva Lourenço – Marcha Mundial das Mulheres/PE
- Maria da Conceição Franco
- Márcia Valéria Pereira-MMM
- Ana Benedita Franco da Costa – MMM
- Egbomy Ricardo de Oxun - Comunidade de Oyá e Ogun
- Martha de Yewá - Comunidade de Oyá e Ogun
- Maria Luiza Moreira - Comunidade de Oyá e Ogun
- Egbomy Eduardo de Oxalá - Comunidade de Oyá e de Ogun

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“A intolerância vem de uma posição fascista, não democrática, e o trabalho da Comissão visa a acabar com isso”. Com essas palavras, o porta-voz da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, babalawo Ivanir dos Santos, iniciou a Segunda Plenária para a Terceira Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, que acontecerá no dia 19 de setembro, no Posto 6. A reunião aconteceu no dia 13 de agosto, no auditório 13 da Uerj, com grande número de pessoas e presenças de autoridades.
Hare Krishnas, umbandistas, metodistas, candomblecistas e pessoas de diversas crenças estiveram no evento para mais um passo em direção ao grande dia. O entusiasmo tomou conta do auditório, que também recebeu ateus de braços abertos. A intenção, segundo Luiz Cavalcante, é fazer que a união mostre para a sociedade a importância de se exterminar com qualquer tipo de preconceito.
- Nós, ateus, também temos lutado para sermos aceitos. Estou aqui para que todos saibam que temos direito a livre escolha. Não cabem preconceitos.
Foi desta forma que Ivanir dos Santos mostrou, em nome dos membros da Comissão, que o respeito e as alianças farão da caminhada de 2010 um acontecimento diferente dos que passaram.
- A cada ano, mais pessoas nos procuram com a intenção de acabar com os atos criminosos em relação às opções religiosas de outras pessoas. Este é o caminho para que, juntos, mostremos nossa força -, disse o babalawo.

Ricardo Henriques ao lado da CCIR
O secretário de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, Ricardo Henriques, juntamente com o superintendente Cláudio Nascimento, ouviu alguns depoimentos de vítimas de intolerância e, frente aos presentes, comprometeu-se em apoiar a CCIR.
- Este é um momento de extrema importância. Há uma grande necessidade de se unir sociedade e Estado para cessar essas ocorrências. Essas atitudes chegam a ser patéticas, e a intolerância é inaceitável -, declarou Henriques, que, em seu breve discurso, revelou que as diferenças deveriam ser os ingredientes para a união entre todos e que, a partir da máquina do Estado, há meios de minimizar a situação.
- Com a máquina do Estado, pode-se partir para encontrar meios de finalizar com esses preconceitos.
Para o porta-voz da CCIR, é essencial ouvir as ideias e experiências pelas quais a Comissão já passou. Ele ressaltou o trabalho que Carlos Nicodemos vem fazendo ao apoiar vítimas de intolerância e agradeceu ao apoio e à representação do Estado na luta.
- Claro que é interessante apoiar a configuração do Estado. Mas é de extrema relevância que se leve em consideração o histórico da Comissão e o trabalho do Carlos Nicodemos. Esta união só vai fortalecer o respeito entre todos.
Ao fim, Ivanir revelou que a CCIR tem feito contato com a Secretaria de Transportes para facilitar a locomoção para a Orla de Copacabana e que várias atrações culturais vão surpreender a caminhada deste ano. Entre elas, há a possibilidade de o evento contar com tambores da escola de samba Viradouro, além de apresentações de diversos músicos eruditos.

Comissão de Combate à Intolerância Religiosa
Ricardo Rubim
- Coordenador de Comunicação CCIR/RJ
Tel: 21 7846-0412 / 21 2273-3974 / 21 2232-7077
 

domingo, 22 de agosto de 2010

MEDIUNIDADE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Não existe idade para o afloramento da mediunidade, mas é claro que um bebê não poderá se ligar a um espírito e começar a falar, algumas etapas deverão ser alcançadas para que ocorra a ligação espiritual.
Também devemos ter cuidado para não achar que uma criança é médium antes dos sete anos, já que nesse período ela está se ajustando ao mundo físico, sendo por isso mais fácil o contato com espíritos desencarnados.
Em vários livros vemos exemplos de espíritos que se aproximam de crianças para influenciá-las a fazer uma prece ou levantar algum assunto importante. Pela sua pureza, inocência e por ainda não estarem completamente ligadas ao plano físico elas são muitas vezes o canal mais receptivo para influencias espirituais.
Porém existem crianças que desde cedo mantém um contato "mais intenso" com o mundo espiritual, tendo visões, conversando e até brincando com crianças desencarnadas.
O desabrochar da mediunidade pode ocorrer em qualquer idade, criança, jovem, adulto e até pessoas mais velhas.
Não acredito ser uma boa opção o aprimoramento mediúnico para crianças e jovens, na minha humilde opinião elas devem ser preparadas através de estudos espiritualistas e principalmente do Evangelho, para quando se tornarem mais velhas possuírem uma base sólida para a execução de sua tarefa. ,afloramento prematuro indica início de trabalho prematuro..
A tarefa do médium demandará confiança, maturidade, fé, coragem e vontade, atribuitos que muitas crianças ou jovens geralmente ainda não consolidaram em seu caráter, por isso mais vale um trabalho iniciado aos 20 anos e executado durante toda uma existência do que uma explosão aos 15 anos com término aos 19.
Allan Kardec fala sobre o desenvolvimento mediúnico de crianças no Livro dos Médiuns:
" Haverá inconveniente em desenvolver-se a mediunidade nas crianças?
Certamente e sustento mesmo que é muito perigoso, pois que esses organismos
débeis e delicados sofreriam por essa forma grandes abalos, e as respectivas imaginações excessiva sobreexcitação. Assim, os pais prudentes devem afastá-las dessas idéias, ou, quando nada, não lhes falar do assunto, senão do ponto de vista das conseqüências morais.
Há, no entanto, crianças que são médiuns naturalmente, quer de efeitos
físicos, quer de escrita e de visões. Apresenta isto o mesmo inconveniente?
Não; quando numa criança a faculdade se mostra espontânea, é que está na sua
natureza e que a sua constituição se presta a isso O mesmo não acontece, quando é provocada e sobreexcitada. Nota que a criança, que tem visões, geralmente não se impressiona com estas, que lhe parecem coisa naturalíssima, a que dá muito pouca atenção e quase sempre esquece. Mais tarde, o fato lhe volta à memória e ela o explica facilmente, se conhece o Espiritismo.
Em que idade se pode ocupar, sem inconvenientes, de mediunidade?
Não há idade precisa, tudo dependendo inteiramente do desenvolvimento físico
e, ainda mais, do desenvolvimento moral. Há crianças de doze anos a quem tal coisa afetará menos do que a algumas pessoas já feitas. Falo da mediunidade, em geral; porém, a de efeitos físicos é mais fatigante para o corpo; a da escrita tem outro inconveniente, derivado da inexperiência da criança, dado o caso de ela querer entregar-se a sós ao exercício da sua faculdade e fazer disso um brinquedo.
222. A prática do Espiritismo, como veremos mais adiante, demanda muito tato,
para a inutilização das tramas dos Espíritos enganadores. Se estes iludem a homens feitos, claro é que a infância e a juventude mais expostas se acham a ser vítimas deles.
Sabe-se, além disso, que o recolhimento é uma condição sem a qual não se pode lidar com Espíritos sérios. As evocações feitas estouvadamente e por gracejo constituem verdadeira profanação, que facilita o acesso aos Espíritos zombeteiros, ou malfazejos.
Ora, não se podendo esperar de uma criança a gravidade necessária a semelhante ato, muito de temer é que ela faça disso um brinquedo, se ficar entregue a si mesma. Ainda nas condições mais favoráveis, é de desejar que uma criança dotada de faculdade mediúnica não a exercite, senão sob a vigilância de pessoas experientes, que lhe ensinem, pelo exemplo, o respeito devido às almas dos que viveram no mundo. Por aí se vê que a questão de idade está subordinada às circunstâncias, assim de temperamento, como de caráter. Todavia, o que ressalta com clareza das respostas acima é que não se deve forçar o desenvolvimento dessas faculdades nas crianças, quando não é espontânea, e que, em todos os casos, se deve proceder com grande circunspeção, não convindo nem excitá-las, nem animá-las nas pessoas débeis. Do seu exercício cumpre afastar, por todos os meios possíveis, as que apresentem sintomas, ainda que mínimos, de excentricidade nas idéias, ou de enfraquecimento das faculdades mentais, porquanto, nessas pessoas, há predisposição evidente para a loucura, que se pode manifestar por efeito de qualquer sobreexcitação. As idéias espíritas não têm, a esse respeito, maior influência do que outras, mas, vindo a loucura a declarar-se, tomará o caráter de preocupação dominante, como tomaria o caráter religioso, se a pessoa se entregasse em excesso às práticas de devoção, e a responsabilidade seria lançada ao Espiritismo. O que de melhor se tem a fazer com todo indivíduo que mostre tendência à idéia fixa é dar outra diretriz às suas preocupações, a fim de lhe proporcionar repouso aos órgãos enfraquecidos."

A maior parte dos centros possui evangelização infantil, passando os conhecimentos espirituais para os pequenos de forma suave, de acordo com a idade em que se encontra, acredito que essa é uma das melhores formas de prepará-los, além é claro do Evangelho no Lar.
Pessoas em idades avançadas também podem sentir o despertar de suas faculdades mediúnicas, isso não invalida o trabalho, não é mérito ou demérito. Não podemos julgar a vontade de nosso Pai e dos espíritos superiores, que sabem o exato momento que tudo deve acontecer.
Muitos médiuns evitam se dedicar ao trabalho por falarem que não tem tempo, o trabalho, os amigos, tudo tem prioridade e sempre pensão em um dia se dedicarem só que....
Você não sabe o tempo de vida que terá...
Você não sabe ao certo o tempo necessário para o início de sua tarefa mediúnica...
Muitas vezes, quando decidir iniciar o estudo e trabalho não lhe será mais permitido, porque já é época da colheita e você não plantou.
Não é você que escolhe a idade de iniciar o estudo e trabalho espiritual, Deus o chama e esse deve ser o momento de iniciar a preparação, pois quando estiver preparado ele o chamará novamente, só que agora para auxiliar os irmãos necessitados de Luz.


EXPERIÊNCIAS MEDIÚNICAS

COM 

 CRIANÇAS E ADOLESCENTES

 

  Em todas as épocas sempre surgiram crianças e adolescentes  superdotados, portadores de dons e talentos fora do comum, inexplicáveis e às vezes espantosos.

       Ninguém ignora as ocorrências clássicas nesse sentido.
       É sabido que Mozart compôs uma ópera aos 8 anos, depois de ter executado ao piano uma sonata aos 4.
       Pascoal não tinha mais que uma dúzia de anos quando descobriu a geometria plana.
       Willy Ferreros com 5 anos dirigiu competentemente a orquestra do Folies-Bergère em Paris.
       E o escocês Jacques Chrichton aos 15 anos discutia sobre qualquer questão em latim, grego, hebreu e árabe.
       Incontáveis outros casos de crianças prodígio e adolescentes geniais como estes poderiam ser mencionados.
       Por que, então, só o dom ou talento da mediunidade, que é tão espontâneo quanto outras aptidões naturais do ser humano, deixariam de brotar e florescer em tenra ou pouca idade?
       A lógica da nossa doutrina diz que quanto mais o corpo de matéria densa, logo após a reencarnação, desenvolve-se neste mundo, obedecendo às leis da vida, mais vai fixando nele o Espírito, e assim dificultando-lhe contatos com o Além. Tecnicamente, pois, é forçoso admitirmos que as crianças e os adolescentes possuem, mais que os adultos, a capacidade de receber e transmitir a ação dos seres espirituais. São, portando, os maiores médiuns, mas geralmente nos recusamos a vê-los nesta condição.
       Isto constitui grave erro.
       Primeiro porque nos impede de ajudá-los a resolver seus problemas paranormais, segundo porque nos priva de aproveitar seus valiosos dotes na prática do Espiritismo, em casos sem contra-indicação.
       Dou a lume o presente livro, prezado leitor, para informar-lhe sobre a tarefa que venho realizando nesse duplo sentido, e rogo que me leia liberto da idéias radicais em torno do assunto. Se você julga que não mereço isso, o que é um direito seu, responda esta pergunta:
-       O que estamos fazendo, na atualidade do movimento espírita brasileiro, para ajudar e aproveitar, de forma realista, as crianças e os adolescentes médiuns?
Que elas e eles existem em profusão não temos como negar, pois os encontramos até no seio da nossa família.
Voltamos a indagar: o que estamos fazendo, concreta e objetivamente, como espírita, para atendê-los em suas necessidades e potencialidades?
       Quase nada, sem sombra de qualquer dúvida.
       Em nossas escolinhas de moral cristã, onde somos muito aplicados em transmitir os preciosos ensinamentos evangélicos, nunca falamos de mediunidade para as crianças e os adolescentes como deveríamos. E proibimos a sua presença em nossas sessões desobsessivas e de cura, promovidas cada vez menos para dar lugar a cursos sofisticados e palestras de oradores gongóricos.
        A mediunidade para nós está virando tabu, coisa perigosa e descartável. Por incrível que pareça, os pastores protestantes e os clérigos católicos carismáticos assumem presentemente mais os fenômenos mediúnicos do que os líderes espíritas, representando isso uma vantagem para eles e uma vergonha para nós.
       Sob a sugestão de uma copiosa literatura psicográfica aparecida nos derradeiros tempos proclamamos que “ a época do fenômeno já passou”, um enorme disparate, posto que o fenômeno mediúnico é lei natural e a lei d natureza não cai em exercício findo...
       Achamos que “ não se deve desenvolver a mediunidade e sim educá-la”, outra grande tolice, porquanto há um Capítulo inteiro em O LIVRO DOS MÉDIUNS, o XVII, tratando DA FORMAÇÃO DE MÉDIUNS, que começa com este título: Desenvolvimento da mediunidade. O desenvolvimento da mediunidade é útil e necessário, embora a sua educação seja mais importante. São duas coisas distintas, que podem, e devem, ser feitas em conjunto, integralmente. Consulte-se os dicionários: desenvolver significa fazer crescer, educar é aprimorar. Ninguém educará satisfatoriamente a sua mediunidade se não a desenvolver. Conseqüentemente, o preceito “ não se deve desenvolver a mediunidade e sim educá-la” não passa de um refinado sofisma, infelizmente saído de uma pena respeitável em nosso movimento ideológico, de vocação mística.
       Enfim, estamos fechando os olhos para a inevitável influência dos espíritos em nossas vidas, quando a doutrina nos altera para o fato de que eles se movimentam, como uma ‘ população invisível”, em derredor de nós ( O LIVRO DOS MÉDIUNS, Capítulo I, último parágrafo do item 56).
       No que toca de maneira particular às crianças e aos adolescentes, somos de um extremismo demagógico e irracional.
       Ora, toda regra tem exceção.
       É claro que não podemos franquear as sessões mediúnicas para seres imaturos, incapazes de compreender as responsabilidades implícitas no intercâmbio espiritual consciente.
       Todavia, será que não defrontamos vez por outras crianças e adolescentes merecedores de um tratamento diferenciado?
       Será que não existem alguma criança e alguns adolescentes necessitados de ingresso em sessões espíritas experimentais para receberem socorro de emergência?
       Será que não existem crianças e adolescentes dotados de estrutura psicológica e mediúnica capaz de lhes dar condição de bom desempenho em tarefas desobsessivas e de cura?
       Eu digo que sim.
        E digo não só com a experiência pessoal de longos anos de trabalho nesse campo, mas sobretudo com o conhecimento doutrinário adquirido na obra de Allan kardec ( e não evientemente  em brochuras de médiuns brasileiros famosos, que fazem sucesso de público porque, arrimados no roustainguismo de fundo católico, pregam um Espiritismo sem Espírito).
       É engraçado como os defensores do Espiritismo sem Espírito se escudam na 6ª pergunta e resposta do item 221 do Capítulo XVIII de O LIVRO DOS MÉDIUNS, jogando na lata de lixo a 7ª que lhe é subseqüente e complementar. Eis o inteiro teor de ambas, indissociáveis:
       “ 6ª Haverá inconveniente em desenvolver-se a mediunidade nas crianças ?
       “ Certamente e sustento mesmo que é muito perigoso, pois que esses organismos débeis e delicados sofreriam por essa forma grandes abalos, e as respectivas imaginações excessiva sobreexcitação. Assim, os pais prudentes devem afastá-las dessas idéias, ou, quando nada, não lhes falar do assunto, senão do ponto de vista das conseqüências morais”.
      
       “ 7ª Há, no entanto, crianças que são médiuns naturalmente, quer de efeitos físicos, quer de escrita e de visões. Apresenta isto o mesmo inconveniente?
       “ Não; quando muna criança a faculdade se mostra espontânea, é que está na sua natureza e que a sua constituição se presta a isso. O mesmo não acontece, quando é provocada e sobreexcitada. Nota que a criança, que tem visões, geralmente não se impressiona com estas, que lhe parecem coisa naturalíssima, a que dá muito pouca atenção e quase sempre esquece. Mais tarde, o fato lhe volta à memória e ela o explica facilmente, se conhece o Espiritismo”.
      
       Eis aí.
      
A pergunta seguinte, 8ª indagando “ Em que idade pode a criança ocupar-se de mediunidade”, tem resposta com estas duas frases iniciais:
“ Não há idade precisa, tudo depende inteiramente do desenvolvimento físico e, ainda mais, do desenvolvimento moral. Há crianças de doze anos a quem tal coisa afetará menos do que a algumas pessoas já feitas”.


Como se nota pelo exposto, não cometemos nenhum deslize doutrinário em
ter algumas crianças e adolescentes excepcionais participando de nossas sessões desobsessivas e de cura regulares. Eu as tenho, com excelentes resultados para elas e para a causa espírita. Provarei isto neste volume.
       No mais, caro leitor, lembro-o de que Allan Kardec se valeu da mediunidade das senhoritas Baudim e Japhet na fase de composição da doutrina. Recordo-o de que ele declara possuir a médium Ernance Dufaux 14 anos ao escrever o romance HISTÓRIA DE JOANA D’ARC DITADA POR ELA MESMA ( Revista Espírita, edição de janeiro de 1858). E finalmente chamo a atenção para um detalhe – lendo os livros de Arthur Conan Doyle e Roberto Amadou citados precedentemente constata-se que:
a)    graças a uma menina chamada Florrie, de apenas 10 anos, importantes manifestações Espíritas foram documentadas pelo dr. William Barret;
b)   Os primeiros fenômenos mediúnicos produzidos através de Eusápia Palladino foram verificados quando ela tinha 15 anos;
c)   Florence Cook começou a sua atividade de médium de efeitos físicos em 1871, aos 15 anos, e somente depois, em 1874, submeteu-se a experiências com William Crooks, fornecendo-lhe proas que glorificam o passado do Espiritismo;
d)   Martha Béraud contava 16 anos quando Richet testou a sua mediunidade;
e)    Daniel Dunglas Home, com 13 anos, já era acionado pelos Espíritos;
f)    Finalmente aos 14 anos Angélique Cottin viu o desabrochar da sua mediunidade.
Assim como Jesus confundiu os doutores da lei antiga quando tinha 12 anos, segundo os relatos evangélicos, numerosas crianças e incontáveis adolescentes estão confundindo os doutores de Espiritismo em terras brasileiras. Despertar para a realidade é a melhor coisa que eles poderão fazer, deixando de prestigiar a produção psicográfica de médiuns místicos em detrimento da obra de Allan Kardec.

             
Bibliografia
Nazareno Tourinho, Experiências Mediúnicas com Crianças e Adolescentes, pág, 27/33, PA, 2000.




 


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