Muitos dos distúrbios de ordem mental e psíquica têm origem não em problemas orgânicos, mas em processos desencadeados por obsessores.
- Dr. Jorge Andréa dos Santos - Boletim do Associação Médico-Espírita do Brasil
Na análise do psiquismo humano e com os conhecimentos que já possuímos sobre psicologia profunda, estarão em evidência não só o campo material, mas também o energético-orientador, mais avançado em qualidades psicológicas e responsável pelas diretrizes inteligentes do ser. Neste campo do psiquismo, os pensamentos são elaborados e devidamente estruturados, a fim de serem reflexionados e adaptados para o mundo físico das células nervosas ou zona consciente.- Dr. Jorge Andréa dos Santos - Boletim do Associação Médico-Espírita do Brasil
Por outro lado, não podemos deixar de notar no psiquismo a condição de centro emissor e receptor de energias específicas, propiciando ligações dos campos mentais com os nossos afins. O psiquismo humano está sujeito a interações cada vez mais intensas, quando o bloco afetivo está presente de forma preponderante. Nestes casos, as permutas mentais se tornam constantes e ativas por questões de sintonia e mais apurada afinidade.
Desse modo, compreendemos as influências psíquicas a que estamos subordinados, que se intensificam quando o elemento emocional e afetivo se encontra ativado não só no campo do amor, mas também no desamor ligado ao ódio. Tanto os que amam como os que odeiam desencadeiam imensos pacotes energéticos psíquicos que vão atingir os seus afins em sintonia consciente ou inconsciente.
Estes campos psicológicos, em suas devidas manifestações, necessitam da acolhida e do respectivo entrosamento. Como nossa vida mental será o resultado de muitas etapas (reencarnações), as ligações apresentam profundas relações não só com os fatores e experiências presentes, mas também com as fontes e registros de todo o nosso passado. Isto faz com que as ligações mentais sejam bastante complexas, com estruturações de difícil decifração e cujo conjunto de emissão e recepção ou ação e reação de toda natureza (positiva, gerada pelo bem e pela ordem, ou negativa, desencadeada pelo mal e pelo desejo de vingança e ódio) apresente projeções das mais variadas em estados harmônicos. Os estados de desarmonia que se refletem na organização mental mostram variações de toda ordem, cujo grau de intensidade estará relacionado principalmente com os lastros distônicos do passado. A acolhida mental dessas reações se fazem comumente entre encarnados e desencarnados com naturais oscilações, cuja sintomatologia decorrente deverá fazer parte de um capítulo pouco abordado ou mesmo desconhecido da psiquiatria, as decantadas obsessões espirituais.
Classificação das Obsessões
A doutrina espírita tem cuidado com zelo do tema das obsessões, apresentando uma classificação didática que torna compreensível o processo da influência espiritual do desencarnado no psiquismo do encarnado. Assim, as obsessões foram abordadas em três patamares: simples, fascinação e subjugação.
A obsessão simples é observada quando há pouca interferência nas correntes mentais do atingido, consciente ou inconscientemente, mas sem domínio do receptor. Muitas vezes, o próprio atingido reconhece a influência negativa, procura se prevenir, possui condições de luta e expulsa a idéia parasitária que deseja acolhida.
A obsessão-fascinação é um processo mais intenso e mais grave, no qual as correntes emissoras destoantes se assentam na mente receptora, fazendo parte da estrutura dos pensamentos. O indivíduo fica como que totalmente envolvido pelas sugestões e passa a não distinguir mais o certo do errado. Apesar da presença de raciocínio e de diversas elaborações mentais em parâmetros fisiológicos, o indivíduo passa a conviver com uma idéia que lhe foi injetada, achando-a certa, justa e perfeita, ainda que seja um absurdo. É como se a pessoa perdesse sua avaliação crítica em determinadas mensurações psicológicas.
Já a obsessão-subjugação traduz um bloqueio intenso da vontade, as resoluções do psiquismo estarão subordinadas ao jugo das correntes emissoras do obsessor, que passa a comandar, subjugando o obsediado de modo integral. É neste grupo, principalmente, que se desenvolvem os conhecidos quadros mentais patológicos, nos quais, muitas vezes, a análise se torna de difícil avaliação. Nestes casos, as associações entre obsessão espiritual e doença mental se imbricam de tal modo que os sintomas mentais se tornam definitivos pelas constantes demarcações do processo obsessivo.
É lógico se compreender que os diversos quadros obsessivos são variados e estão de acordo com cada ser, levando-se em consideração o arcabouço psicológico, a intensidade das reações, a conduta pessoal, atitudes diversas e as ligações com o passado, tudo a responder pelas conhecidas reações cármicas. Muitas vezes, certas obsessões aparecem de modo fugaz e logo são afastadas pelas atitudes nobres e corretas do indivíduo que, com este proceder, neutraliza as investidas. Outras vezes, mostram-se mais duradouras, mas se apagam à medida que o atingido vai se ligando ao bem e aos modelos mentais mais ajustados.
Existe um fator ao qual não podemos deixar de nos referir, que é a sensibilidade medi única, pois ela permite ligações mais intensas pelas aberturas dos campos mentais. Allan Kardec afirmou de forma oportuna: "Não foram os médiuns nem os espíritas que criaram os espíritos. Ao contrário, foram os espíritos que fizeram com que haja espíritas e médiuns. Não sendo os espíritos mais do que as almas dos homens, é claro que há espíritos desde quando há homens e, por conseguinte, desde todos os tempos eles exercem influência salutar ou perniciosa sobre a humanidade. A faculdade mediúnica não lhes é mais do que um meio de se manifestarem. Em falta dessa faculdade, fazem-na por mil outras maneiras mais ou menos ocultas. Seria, pois, um erro crer que só por meio das comunicações escritas ou verbais exercem os espíritos sua influência. Esta é de todos os instantes e mesmo os que não se ocupam com os espíritos ou até não crêem neles estão expostos a sofrê-la, como os outros e mesmo mais do que os outros, porque não têm com que a contrabalançarem".
Diante de tais manifestações e fatos do psiquismo, não podemos deixar de compreender a importância desses eventos nos campos psicológicos da humanidade. Necessitamos de sondagens, observações e avaliações ajustadas dentro dos modelos científicos em vigor, pois os fatos estão presentes em toda a parte, exigindo catalogação.
Abertura mental
Compreende-se a impossibilidade de se fazer uma análise mais detalhada do processo obsessivo neste artigo, entretanto, algumas explicações a mais serão oportunas e elucidativas. O processo, por sua condição de ligação mental, estende-se em múltiplas condições, perdendo-se em estruturações psicológicas de toda natureza. Podemos dizer que é possível o processo ocorrer de encarnados para desencarnados, de desencarnados para encarnados e entre desencarnados. Todas essas variações respondem por autênticos fenômenos de hetero-obsessões.
A constante e duradoura atuação obsessiva traduz um real processo parasitário. Nesta ordem de idéias, devemos computar como fatores predisponentes a existência de pensamentos negativos constantes e revoltas acompanhadas de forte séqüito emocional que certos indivíduos cultuam habitualmente por falta de higiene mental. Esses indivíduos introduzem e absorvem a própria negatividade desenvolvida na zona consciente e que, pelo constante condicionamento, refletem um processo auto-obsessivo que lhe são próprios, sem interferências externas. Existem grupos neuróticos, principalmente da classe histérica, que denotam este tipo de auto-obsessão com intensa sintomatologia psicossomática.
Todos os processos obsessivos podem ser ativados e alimentados pelas ações desequilibrantes de conduta e descontrole emocional e afetivo, cujos mecanismos aceleram as condições de fixação mental. Podemos mesmo dizer que se encontra nas bases do processo em pauta um vasto condicionamento hipnótico, pela existência de um mesmo clima psicodinâmico no qual o monoideísmo passa a ser a tônica constante, de modo a estabelecer um verdadeiro circuito fechado. Nesta posição, incrementa-se o fenômeno ideoplástico na fixação de imagens, propiciando o surgimento das alucinações de toda ordem, principalmente visuais e auditivas. Nesta fase, serão atingidos não só os componentes físicos do psiquismo, mas também as regiões energéticas que os envolvem, representadas pelos campos perispirituais ou psicossoma, campo intermediário entre matéria e espírito.
Por tudo isso, tornam-se compreensíveis os desarranjos psicossomáticos no obsediado, cujos reflexos mais profundos podem atingir o sistema imunológico, através da diminuição das defesas orgânicas. Conforme o grau de atuação e implantação obsessiva, poderá haver lesões definitivas nas organizações psíquicas, cujos sintomas desembocam em distonias psiquiátricas. Claro que as estruturas defeituosas do passado, como campos vibratórios específicos encravados no espírito na zona inconsciente, constituem pontos frágeis a serem envolvidos pelos processos obsessivos de toda natureza. As conseqüências processuais de intensidade das reações estarão relacionadas às próprias atitudes psicológicas dos seres, isto é, as atitudes do passado, com suas conseqüências, exercem um forte compromisso no desencadeamento do processo obsessivo.
Todo esse mecanismo de simbiose mental entre os hominais será conseqüência de atuações envolvendo totalidade psíquica, racionalização e responsabilidade, próprios do psiquismo humano, condição diferente da cerebração fragmentada e oscilante existente nos mamíferos. Não tendo o cérebro destes alcançado ainda o processo de racionalização característico dos mamíferos superiores, os atos psicológicos são fragmentários, para não permitir a fixação de idéias. A simbiose observada no hominal por sintonia propicia ao desencarnado nutrir-se das energias vitais do encarnado. A imantação e fixação obsessiva estará relacionada às afinidades de atitudes, principalmente as pregressas, que ambos carregam. Fixada a simbiose, uma vez que pode ser um fator temporário, o encarnado passa a ser vampirizado, a ser um fornecedor de energias para vitalização do obsessor. É nesta condição que vinganças e desencadeamento de ódios ligados ao pretérito se exteriorizam em um panorama de imensas apresentações.
O Espiritismo tem fornecido elementos valiosos para compreender o intercâmbio dimensional entre encarnados e desencarnados com relação às interações bioenergéticas. Sabemos que essas ligações se tornam mais intensas na presença dos fatores emocionais e afetivos com os quais convivemos habitualmente. No psiquismo humano, as reações do dia-a-dia são mais um atestado desse processo. Embora convivamos com pequenas reações ansiosas, depressivas, compulsivas, em tonalidades reduzidas por serem necessárias aos impulsos da vontade, os tipos psicológicos e a respectiva maturidade evolutiva dos seres demarcam os aspectos das manifestações.
Portanto, as manifestações obsessivas estão em constante manipulação dos campos afetivos. Há como que uma interação entre hóspede e hospedeiro, chegando a tal ponto que, às vezes, ambos se integram e se necessitam mutuamente, vivendo às expensas um do outro em legítima união parasitária. Por outro lado, devemos considerar os sintomas que o processo obsessivo desencadeia, com tonalidades imensas e, muitas vezes, de difícil avaliação. Entretanto, temos observado a predominância do complexo de culpa em muitos casos de obsessões espirituais, podendo levar a reações de incompreensível medo, refletido nos acontecimentos diários da vida.
Como devemos nos comportar diante da existência das obsessões? Analisar os fatos e tentar compreender sua dinâmica face a cada indivíduo em particular é o que reputamos ser da mais alta importância, incluindo-as nos quadros nosológicos da psiquiatria para serem melhor avaliadas pela ciência. Não podemos relegar tantos fatos comprovados ao desconhecimento como casos neuróticos ou psicóticos. Claro que os modelos de tratamento psiquiátrico não podem ser relegados, temos que lançar mão das aquisições científicas de nosso tempo como coadjuvante terapêutico. Nas obsessões, os modelos psicológicos transpessoais representam valiosos suportes em busca de equilíbrio e ajuste.
Análise e compreensão
Reações de tal quilate podem também não estar ligadas a componentes pregressos, mas como respostas de atitudes atuais. Nossa vontade, com o relativo livre-arbítrio que carregamos, pode neutralizar ou ampliar muitas manifestações obsessivas, até mesmo renascer novos focos e seus respectivos sintomas. Insistimos em dizer que o processo obsessivo, ainda não computado pela ciência oficial como entidade causadora de distúrbios principalmente mentais, apresenta-se oscilante, com sintomas pouco definidos e bastante mesclados, porém, com características ora neuróticas, ora psicóticas. Por estes fatos, a confusão reinante é grande, percebendo-se algumas vezes que o processo obsessivo se acopla ao sintoma psiquiátrico já existente e, em outras, acontece o contrário, ou seja, o processo possibilita o nascimento da distonia mental. Então, os casos se mostram combinados e com imprecisos limites.
Fornecer um quadro patológico que caracterize as obsessões é um assunto difícil, em virtude da oscilação e da imbricação dos sintomas associados. Não sabemos onde começa a doença mental ou a obsessiva, mas possui mos condições de analisar a presença espiritual deletéria predominando no cenário. Muitos pacientes portadores de delírios podem estar relacionados a um processo exclusivo ou combinado com um quadro psicótico. O psiquiatra moderno precisa conhecer os variados transes mediúnicos, para avaliar e ampliar os horizontes que o psiquismo humano vem revelando a todo momento.
Refletindo sobre a Obsessão
Indoval Moreli Heiderick
"E este, onde quer que o apanha, despedaça-o ele espuma, e range os dentes, e vai se secando; e eu disse aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam." Marcos 9 - v. 18.Apesar de nos faltar comprovações científicas, há fortes evidências de que o Processo Obsessivo, que é caracterizado por manipulações e interposições de fluidos tóxicos, exerce papel importante na fisiopatogenia das doenças no corpo físico e espiritual, e às vezes evoluindo com quadros gravíssimos.
I – INTRODUÇÃO
Não temos a pretensão de criar confrontos entre a Ciência Médica e a Doutrina Espírita, mas sim apresentar oportunidades de reflexões objetivas, visando o aprofundamento de questões específicas. É chegada a hora em que a ciência deve ser respeitada pelos espíritas e aquela compreender a importância dos fundamentos da Doutrina na elucidação dos fatos, porquanto, até então todos têm falhado, apesar de toda capacitação de recursos técnicos e humanos.Vivemos um momento de grandes aflições, onde a busca pelos valores materiais, visando suprir as necessidades do Ser, de maneira equivocada, tem trazidos muitos desequilíbrios, com intensas perturbações de ordem física e mental. A propósito, o prof. Ives Lecrubie, psiquiatra francês, em entrevista concedida ao Comitê Brasileiro para Prevenção e Tratamento da Depressão, relatou que de 3 à 6% da população do planeta sofre de estados depressivos e que há uma tendência de 1% de casos novos a cada ano, conforme dados recentes da Organização Mundial de Saúde.
Do ponto de vista da Doutrina Espírita, sabemos que o Ser Espiritual encarnado é constituído de:
- Espírito: É a sede da consciência do Ser. É o princípio inteligente do Universo. É o campo das causas. Cada Espírito é uma unidade indivisível.
- Perispírito: É o envoltório semi-material, fluídico, do Espírito. É uma substância vaporosa aos olhos, retirada do fluido cósmico universal de cada globo. É o intermediário entre o corpo físico e o Espírito. É o campo dos efeitos.
- Corpo Físico: É um conglomerado de fluidos ponderáveis. É energia condensada, constituída por células, tecidos, órgãos, sistemas e aparelhos.
Estabelecido o processo reencarnatório, o Ser tem a oportunidade de exercitar-se em função do seu livre arbítrio, assumindo condutas e comportamentos, através de pensamentos, palavras e atos, que se traduzem em aquisições de energias. Assim sendo “a semeadura é livre e a colheita obrigatória”. Com certeza estaremos todos sujeitos a medidas educativas das Leis Divinas, que sempre estiveram em disponibilidade.
Não podemos esquecer a palavra do Codificador, quando afirma que “O Espiritismo é capaz de incorporar à sua Doutrina tudo aquilo que depois de passar pelo crivo da razão e resistir à pesquisa científica, seja útil e benéfico ao homem”.
II - HISTÓRICO
Hipócrates, 460 A.C., relacionava doenças nervosas com as alterações dos humores.Na Idade Média já relacionavam doenças nervosas com processos demoníacos.
Em todas as épocas da história da civilização humana, tivemos os obsidiados, e em alguns casos envolvendo Seres que se celebrizaram por seus atos, Citaremos alguns: Nabucodonosor II, rei dos Caudeus, pastava no jardim do palácio, como um animal. Tibério, envolvido por muitos espíritos cobradores, cometeu muitos equívocos, com muita maldade. Muitos “endemoniados” foram tratados na época de Jesus. Calígula e Gengis-Khan marcaram presença em função de seus desatinos. Domício Nero, em função de grandes desequilíbrios, entre tantos equívocos, mandou assassinar a mãe e sua esposa, e depois as encontrava em desdobramentos. Celline, depois de gravar no metal as imagens de sua própria vida, apunhalava os transeuntes à noite, de tocaia. Dostoyevski sofria de ataques epiléticos. Maupassant, em um ataque de loucura, cortou a própria garganta e depois morreu, indiferente à tudo. Nietzche perambulou pelos asilos de alienados. Van Gogh cortou as orelhas num momento de insanidade e as enviou de presente para sua amada, findando posteriormente a vida, com um tiro. Shumann, notável compositor, atirou-se ao Reno, foi salvo pelos amigos e internado num hospício, onde acabou seus dias. Edgar Allan Poe sucumbiu arrasado pelo álcool e tendo visões infernais.
A medicina, em todas as épocas, tentou ajudar esses Seres, inclusive na fase inicial de seus estudos. Especificamente no campo da Psiquiatria, alguns estudiosos já relacionavam algumas doenças de origens nervosas e mentais, sendo induzidas pela influência dos espíritos; todavia, os preconceitos da época impediram que as pesquisas avançassem.
Lembremo-nos ainda do grande missionário João Evangelista, que nos aponta no Apocalipse, cap. XXI – v. 8: “Quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicários e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte terá o lago que arde com fogo e enxofre”.
Com certeza todos estarão sujeitos a grandes sofrimentos, em função de merecimentos, o que independe da categoria social e intelectual do indivíduo, apresentando-se como obsidiados, psicóticos, psicopatas, etc.
III - CONCEITOS
Na conceituação do Codificador: “trata-se do domínio que alguns espíritos podem adquirir sobre certas pessoas. São sempre espíritos inferiores que procuram dominar, pois os bons não exercem nenhum constrangimento. A obsessão apresenta caracteres diversos que é necessário distinguir, e que resultam do grau do constrangimento e da natureza dos efeitos que produzem”. (Allan Kardec – Livro dos Médiuns – Item n.º 237).Na avaliação de Manuel Philomeno de Miranda: “A obsessão, sob qualquer modalidade que se apresente, é enfermidade de longo curso, exigindo terapia especializada, de segura aplicação e de resultados que não se fazem sentir apressadamente.” (Divaldo Pereira Franco – Nos Bastidores da Obsessão).
Segundo Suely Caldas: “É a obsessão, cobrança que bate às portas da alma. É um processo bilateral. Faz-se presente porque existe de um lado o cobrador, sequioso de vingança, sentindo-se ferido e injustiçado, e de outro o devedor, trazendo impresso no seu perispírito as matizes de culpa, o remorso ou do ódio que não se extinguiu.” (Suely Caldas Schubert – Obsessão-Desobsessão).
Considerando a complexidade do assunto, entendemos a obsessão como sendo a influência energética, nociva, causada por um ou mais espíritos, que de forma consciente ou não, manipula ou inocula fluidos tóxicos, de maneira contínua e persistente.
IV – CAUSAS
Sob o ponto de vista global, podemos afirmar que as causas da obsessão se alicerçam em nossas imperfeições, quais sejam: vícios, paixões exacerbadas, perversões sexuais, crimes, ganância, apegos excessivos à pessoas e objetos, que nos colocam em estado de sintonia vibratória com os espíritos desencarnados em função da afinidade moral, estando então o Ser sujeito a reajustes e resgates específicos.Na visão de Emmanuel e Scheila, apresentadas através das obras psicografadas por Francisco C. Xavier, as possíveis causas de obsessão são:
- a cabeça e mãos desocupadas;
- a palavra irreverente;
- a boca maledicente;
- a conversa inútil e fútil, prolongada;
- a atitude hipócrita;
- o gesto impaciente;
- a inclinação pessimista;
- a conduta agressiva;
- o apego demasiado a coisas e pessoas;
- o comodismo exagerado;
- a solidariedade ausente;
- tomar os outros por ingratos ou maus;
- considerar nosso trabalho excessivo;
- o desejo de apreço e reconhecimento;
- o impulso de exigir dos outros mais do que de nós mesmos;
- fugir para o álcool ou drogas estupefacientes.
- vingança de espíritos contra pessoas que lhes fizeram sofrer nessa ou em vias anteriores;
- Desejo simples de fazer os outros sofrerem, por ódio, inveja, covardia;
- Para usufruir dos mesmos condicionamentos que tinham quando na vida física, induzem seus afins a cometê-los;
- Apegos às pessoas pelas quais nutriam grandes paixões quando em vida;
- Por interesses em destruir, desunir, dominar, provocar o mal, manter distúrbios, partindo de espíritos inteligentes das hostes inferiores.
V – MECANISMOS
É necessário que compreendamos que a obsessão existe entre os espíritos encarnados e desencarnados, reciprocamente, e inclusive pode ter o seu início logo após a fecundação, no ventre materno, quando se estabelece o processo reencarnatório que com certeza acontecerá em função de débitos, merecimentos e seu projeto espiritual. Assim sendo, em sintonia com as Leis Universais, o Ser, estará sujeito a manipulações e inoculações de fluidos tóxicos a nível de seu campo eletromagnético com agressões específicas a seu corpo perispiritual e mental, repercutindo no corpo físico. É comum o espírito que quer obsidiar, acompanhar as suas vítimas anos a fio, antes do nascimento e até depois do desencarne.Ensina-nos André Luiz (No Mundo Maior – Francisco C. Xavier, 9ª ed., 1981, pg.63) que os “Nervos, zona motora e lobos frontais, no corpo carnal, traduzindo impulsividade, experiência e noções superiores da alma constituem campos de fixação da mente encarnada ou desencarnada.”
Enquanto a medicina à partir de 1964, com Donald e Klen – EUA, inicia a nova fase de pesquisas, procurando evidenciar a relação entre as doenças mentais e nervosas com as privações de neurotransmissores cerebrais, o nosso mentor André Luiz (Evolução Em Dois Mundos, Francisco C. Xavier, 11ª ed,1989, pg. 117-118) nos ensina que “...os verdugos comumente senhoreiam os neurônios do hipotálamo, acentuando a sua própria dominação sobre o feixe amielínico que o liga ao córtex frontal, controlando as estações sensíveis do centro coronário que aí se fixam para o governo das excitações e produzem nas suas vítimas, quando contrariados em seus desígnios, inibições de funções viscerais diversas, mediante influência mecânica sobre o simpático e o parassimpático. No tocante à criatura humana, o obsessor passa a viver no clima pessoal da vítima, em perfeita simbiose mórbida, absorvendo-lhe as forças psíquicas, situação essa que, em muitos casos, se prolonga além da morte física do hospedeiro, conforme a natureza e a extensão dos compromissos morais entre credor e devedor.”
Já Bezerra de Menezes (Loucura Sob Novo Prisma, 2ª ed., 1987, cap. III) diz que nos casos de loucura propriamente dito, se rompe a harmonia de ação da alma e do cérebro, do ser pensante e do órgão da manifestação do pensamento. O cérebro, pois , perturbado em sua função e não podendo transmitir integralmente o pensamento como formulou a alma, determina loucura. Seria a loucura com lesão cerebral. Neste caso temos a incapacidade material do cérebro para receber e transmitir fielmente as cogitações do Espírito. Nos casos de loucura em que Esquirol não encontrou lesão cerebral, é a loucura psíquica, moral ou por obsessão, onde o processo acontece sempre por influência dos espíritos. A alma aqui formula os seus pensamentos como sempre, sem a mínima perturbação, e, de sua parte o cérebro está nas melhores condições para transmiti-los. O que determina, não a perturbação mental, porque a alma não enlouquece, mas a perturbação na transmissão do pensamento, pois é a interposição de fluidos do Espírito obsessor, entre a agente e o instrumento, de modo que fica interrompida a comunicação regular dos dois. A alma pensa, mas seu pensamento não pode utilizar-se do cérebro, senão imperfeitamente, por estar truncado, alterado em função da barreira posta pelo obsessor no empenho de produzir essa perturbação que se toma por loucura. Aqui temos a impossibilidade das cogitações do Espírito chegarem integralmente ao cérebro. Temos, portanto, que tanto na loucura quanto na obsessão, o Espírito é lúcido, e que tanto num caso como no outro o mal consiste na irregularidade da transmissão ou manifestação do pensamento. A ação fluidica do obsessor sobre o cérebro, se não for removida a tempo, dará necessariamente em resultado o sofrimento orgânico daquela víscera, tanto mais profundo quanto mais tempo estiver sob a influência deletéria daqueles fluidos.
VI – EFEITOS
Uma vez instalada a obsessão, podemos concluir que a mesma se caracteriza por um processo dinâmico, onde em uma fase inicial temos a intoxicação fluídica no perispírito, que acompanha o Ser desde sua criação, constituindo seu padrão vibratório. Decorre sempre das imperfeições morais, o que permite uma interferência de espíritos, e em alguns casos, levando o paciente a perder a vontade e o livre arbítrio.Considerando o grau de intoxicação a nível de nosso campo eletromagnético, trazido de vidas passadas, o acumulado na presente encarnação e não havendo buscas pessoais específicas e nem a introdução de uma terapêutica eficaz, com certeza entraremos na segunda fase do processo, que é caracterizado pelas disfunções orgânicas de toda a sorte, com manifestações de sinais e sintomas generalizados, tanto no corpo físico como no mental, todavia sem elucidação diagnóstica por exames complementares. Se o Ser continua a caminhada, sem procurar restabelecer a harmonia e sem buscas objetivas, fatalmente passarmos à terceira fase, onde teremos alterações das estruturas das celulares do corpo físico tais como: fibrosites, neoplasias benignas ou malignas, septicemias, etc.
A propósito, Allan Kardec (A Gênese, 29ª ed., FEB, pg. 305) relata que “Nos casos de obsessão grave, o obsidiado fica como que envolto e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele...” Ainda nos orienta o Codificador (mesma obra, pg. 285), que “Sendo o perispírito dos encarnados de natureza idêntica à dos fluidos espirituais, ele os assimila com facilidade, como uma esponja se embebe de um líquido. Esses fluidos exercem sobre o perispírito uma ação tanto mais direta quando, por sua extensão e irradiação, o perispírito com eles se confunde. Atuando esses fluidos sobre o perispírito, este, a seu turno, reage sobre o organismo material com quem se acha em contato molecular. Se os eflúvios são de boa natureza, o corpo ressente uma impressão salutar; se são maus, a impressão é penosa. Se os eflúvios maus são permanentes e enérgicos, podem ocasionar desordens físicas; não é outra a causa de certas enfermidades.”
Considerando o sistema nervoso, em seu todo, como organismo de sustentação aos fluidos espirituais, podemos concluir que o processo obsessivo, em sua fase inicial, estará sempre voltado ao campo das energias, e posteriormente ao corpo físico, com danos irreversíveis ao mesmo, e em alguns casos, podendo levar o indivíduo ao desencarne.”
VII – CLASSIFICAÇÃO
Considerando as diversas faces que envolvem os mecanismos da obsessão, apresentamos, sob ponto de vista didático, a presente classificação, visando a melhor compreensão do processo obsessivo.- QUANTO À FORMA DE AÇÃO:
- ATIVA – Ocorre quando o Ser espiritual que faz a obsessão tem a consciência do que executa, e assim o faz em função de objetivos específicos.
- PASSIVA – Acontece quando o Ser espiritual que executa o processo obsessivo não tem consciência do que faz. Age pelas leis de afinidade dos fluidos.
- QUANTO À LOCALIZAÇÃO:
- FÍSICA – É o caso em que o obsessor age manipulando e inoculando fluidos tóxicos a nível de perispírito, repercutindo no corpo físico e promovendo o adoecimento dos órgãos.
- PSÍQUICA – Neste caso o obsessor atua na manipulação e inoculação de fluidos tóxicos à nível do psiquismo, especificamente naquilo que entendemos como sendo atributos do Espírito, tais como pensamento, atenção, concentração, percepção, etc. Quando ocorre a influência, perturbando a transmissão do pensamento, fica alterada a comunicação entre o agente e o instrumento.
- QUANTO À INTENSIDADE: (Livro dos Médiuns, cap. XXIII, item 238).
- SIMPLES – É um processo que se dá em função da manipulação de fluidos de pouca densidade, apresentando-se como pequenas intoxicações, levando ao corpo físico e mental sinais e sintomas de pouca intensidade. “Verifica-se quando um Espírito malfazejo se impõe a um médium, intrometendo-se contra sua vontade, nas comunicações que recebe...”
- FASCINAÇÃO – É um processo mais grave, considerando a manipulação de fluidos que se dá à nível de pensamento, com a interposição dos mesmos. “É uma ilusão produzida pela ação direta do Espírito sobre o pensamento do médium, e que paralisa de alguma forma seu julgamento com respeito às comunicações. O médium fascinado não crê enganado. Neste caso participam espíritos ardilosos, muito inteligentes, que usam de todos os recursos para envolverem suas vítimas. Ninguém está livre deste tipo de obsessão...”.
- SUBJUGAÇÃO – Processo bastante grave que envolve o domínio completo do pensamento e da vontade do Ser. “É uma opressão que paralisa a vontade daquele que a sofre e o faz agir ao seu malgrado. Numa palavra, a pessoa está sob um verdadeiro jugo”.
A subjugação pode ser moral ou corporal. No primeiro caso o Ser é obrigado a tomar decisões frequentemente absurdas e comprometedoras. No caso da subjugação corporal, o indivíduo é constrangido a praticar os atos mais ridículos possíveis, apesar de Ter plena consciência do que faz, e fá-lo contra a sua vontade. Há neste tipo de obsessão, manipulação e interposição de fluidos muito densos onde o Ser apresenta alterações das funções mentais pela ação intencional de outra mente, onde a razão declina, a vontade enfraquece, os sentimentos se deterioram e os hábitos mudam (Bezerra de Menezes).
- QUANTO AO TIPO
- AUTO-OBSESSÃO – Neste caso o Ser é responsável por todos os sinais e sintomas que apresenta, considerando ser ele o mentor intelectual de todos os seus equívocos, passados e presentes. Assim sendo, em dado momento da vida, começa a tomar consciência dos fatos e a partir daí exercita-se em culpas, que geram cobranças. Então teremos os conflitos interiores, com os pensamentos fixado em alguma coisa, tanto em vigília como em desdobramento. Após a instalação do quadro, caminha com desinteresse total pela vida, isola-se e apresenta baixas vibrações em seu campo eletromagnético, permitindo a partir deste momento a afinização com irmãos em grandes desequilíbrios, grandes cobradores, evoluindo assim com graves quadros específicos que se enquadram nas doenças nervosas e mentais.
- HETERO-OBSESSÃO – É um quadro que se caracteriza pela influência de espíritos encarnados ou desencarnados junto a outros seres que também podem estar em condições iguais. Este processo pode ser ativo ou passivo, com ação direta no corpo físico ou mental e sua intensidade pode variar de leve, moderada a grave, dependendo o merecimento do Ser envolvido. Podemos classificá-la em quatro situações:
- Obsessão entre os encarnados – muito comum, principalmente nos relacionamentos entre os membros da família, considerando que o lar é o ambiente propício a reajustes e resgates. Teremos então esposas dominadoras, mães neuróticas, maridos desajustados e incompreensíveis, filhos rebeldes, etc., criando assim um meio de ódios, raivas, violências, ciúmes, invejas, com grandes desequilíbrios em que os seres se bombardeiam mutuamente pelos pensamentos.
- Obsessão de encarnados para com os desencarnados – é um processo muito mais frequente que se possa imaginar. Os espíritos desencarnados partem para a Pátria Espiritual e deixam aqui seus entes queridos, os amigos com os quais estavam envolvidos por vícios ou paixões e outras afinidades. Neste novo plano desejam fazer mudanças de comportamento e de condutas, traçando novos rumos; todavia, por vezes, sentem-se “chamados”, atraídos por pensamentos, palavras e atos dos encarnados e muitas das vezes ficam imantados ao seu campo eletromagnético.
- Obsessão de desencarnados para com os encarnados – é a interferência de espíritos desencarnados junto aos encarnados, em função de ligações afetivas, paixões, ódios, vinganças, etc., trazendo-lhes grandes desarmonias, tanto a nível do corpo físico como mental, promovendo junto ao Ser, uma série de sinais e sintomas, com doenças específicas.
- Obsessão de desencarnados para com os desencarnados – este tipo de obsessão ocorre em condições idênticas aos outros. No mundo espiritual os seres se ligam em função das afinidades, desejos e paixões, e a partir daí temos um grande número de espíritos que são dominados e escravizados por outros espíritos.
VIII –DIAGNÓSTICO
Se pretendemos Ter algum sucesso no tratamento do processo obsessivo, o primeiro passo é termos um bom diagnóstico, sob todos os aspectos. Apesar de todos os esforços, às vezes é difícil fazer um diagnóstico diferencial especifico, considerando que os sinais e sintomas são idênticos, tanto na loucura propriamente dita, com lesões cerebrais, quanto nos processos obsessivos onde há apenas perturbação na transmissão do pensamento. Ressaltando o importância de cada setor envolvido nas propostas é preciso que a casa espírita respeite as orientações dos profissionais da área de saúde, evitando equívocos como: fazer diagnósticos, trocar e/ou suspender medicamentos e às vezes tornar os pacientes mais ou menos graves que verdadeiramente o são. Também compete à medicina ao tratar os seus pacientes, admitindo as hipóteses da obsessão, ainda que não comprovada cientificamente, pedir ajuda às casas espíritas que exercitem as suas atividades com objetivos sérios, seguindo os postulados do Mestre Jesus e os preceitos da Doutrina Espírita.Necessitamos, para isto, de uma boa anamnese sob o ponto de vista médico, o que deverá ser feito por profissionais especializados na área da saúde mental, especificamente neurologistas, psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais, e sob o ponto de vista espiritual muita humildade, seriedade e estudos para avaliação dos casos, não se esquecendo da valiosa, benéfica e desinteressada ajuda dos mentores espirituais.
Características que contribuem para o diagnóstico da obsessão, segundo o Codificador (Livro dos Médiuns, cap. XXIII, item 243).
- Insistência de um Espírito em se comunicar, queira ou não o médium;
- Ilusão que, não obstante a inteligência do médium, o impede de reconhecer a falsidade e o ridículo das comunicações recebidas;
- Crença na infalibilidade e na identidade absoluta dos espíritos que se comunicam e que, sob nomes respeitáveis e venerados, dizem falsidades ou absurdos;
- Aceitação pelo médium dos elogios que lhe fazem os espíritos que se comunicam por seu intermédio;
- Disposição de se afastar das pessoas que podem esclarecê-los;
- Levar a mal crítica das comunicações que recebe;
- Necessidade incessante e inoportuna de escrever;
- Qualquer forma de constrangimento físico, dominando-lhe a vontade e forçando-o a agir ou a falar sem querer;
- Ruídos e transtornos contínuos ao redor do médium, causados por ele ou tendo ele por alvo.
- Quando você escuta nos recessos da mente uma idéia torturante que teima por se fixar, interrompendo o curso do pensamento;
- Quando constante imperiosa e atuante força psíquica interferindo nos processos mentais;
- Quando verifique a vontade sendo dominada por outra vontade que parece dominar;
- Quando experimente inquietação crescente, na intimidade mental, sem motivos reais;
- Quando sinta o impacto do desalinho espiritual, em franco desenvolvimento, acautele-se, porque você se encontra em processo imperioso e ultriz de obsessão pertinaz.
IX – TRATAMENTO
Em nossa proposta de tratar o paciente, sob o ponto de vista espiritual, temos de considerar a obsessão como sendo um processo dinâmico, tendo em mente a importância de se instituir um tratamento mais abrangente, onde deve participar a casa espírita, as ciências médicas e psicológicas, visando estabelecer a harmonia do Ser o mais breve possível, evitando-se assim a cristalização dos fluidos tóxicos em seu campo eletromagnético, o que fatalmente produzirá lesões nos órgãos do corpo físico.Considerando que nem os resultados são imediatos, não devemos nos esquecer da importância de um diálogo franco e aberto com a família, principalmente tendo o cuidado de não induzir falsas esperanças e curas miraculosas, e sim direcionar orientações específicas, apontando todas as dificuldades que o caso possa apresentar.
Temos a consciência de que a obsessão é um processo bilateral, onde de um lado temos o cobrador, que pelo seu pouco desenvolvimento moral, acha eu tem o direito de julgar, dar sentenças e executá-las e, por isto, é muito infeliz, enfermo carecendo também da terapia do amor e compreensão. Por outro lado, temos o obsidiado vivendo as culpas, cobranças, em função dos seus equívocos. Ambos precisam de tratamento específico.
A – TRATAMENTO MÉDICO
Sob o ponto de vista médico e psicológico, quando pretendemos tratar um paciente obsidiado não podemos esquecer dos recursos existentes na medicina e na psicologia, para usá-los em função dos sinais e sintomas específicos de cada paciente. Pessoalmente acatamos a orientação do psiquiatra Dr. Wilson Ferreira de Melo (Boletim da AMESP – Dez 1984):- Quimioterapia – sedativos, anti-depressivos e medicamentos de ação central;
- Eletrochoques – muito raramente, apenas nos casos de difícil remissão (casos catatônicos) ou de extrema resistência à quimioterapia;
- Psicoterapia – segundo as técnicas usuais, de escolha do terapeuta, aliada sempre que possível à noção de reencarnação;
- Psicanálise profunda – calcada na reencarnação;
- Hipnose médica – com regressão de memória, se possível à vidas anteriores;
- Terapia ocupacional – manter o paciente ocupado em trabalho que o atraia e interesse, de modo a mantê-lo afastado de seus pensamentos doentios;
- Ludoterapia –divertimentos sadios e cultivo de esportes (ginástica, natação, e outros tipos de exercícios);
- Musicoterapia – o senso musical talvez seja o último eu o doente mental perde e deve ser cultivado com carinho;
- Reeducação – através de contatos frequentes com assistentes sociais e palestras educativas;
- Medidas gerais – incentivar o paciente a imprimir direção construtiva ao seu pensamento, para isto, empregar a sua força de vontade que aos poucos vai se desenvolvendo.
B – TRATAMENTO ESPIRITUAL
Quando falamos desse tipo de tratamento estamos sugerindo o uso de técnicas aprimoradas que envolvem os conceitos e os conhecimentos das manipulações dos fluidos. Assim sendo, achamos por bem recordar alguns ensinamentos importantes contidos na obra do Codificador (A Gênese, 29ª edição, 1986, cap. XIV):Item 13 – “Os fluidos espirituais, que constituem um dos estados do fluido cósmico universal, são a bem dizer, a atmosfera dos seres espirituais; o elemento donde eles tiram os materiais sobre que operam;...”
Item 14 – “Os espíritos atual sobre os fluidos espirituais, não manipulando-os como os homens manipulam os gases, mas empregando o pensamento e a vontade. Para os espíritos, o pensamento e a força de vontade são o que é a mão para o homem. Pelo pensamento eles imprimem aqueles fluidos tal ou qual direção, os aglomeram, combinam ou dispersam, organizam com eles conjuntos que apresentam aparência, uma forma, uma coloração determinada; mudam-lhes as propriedades, como um químico muda a dos gases ou dos corpos, combinando-se segundo certas leis”.
Item 15 – “Sendo os fluidos o veículo do pensamento, este atua sobre os fluidos como o som sobre o ar; eles nos trazem os pensamentos como o ar nos traz o som. Pode-se pois dizer, sem receio de errar, que há nesses fluidos, ondas e raios de pensamentos que se cruzam sem se confundirem, como há no ar ondas e raios sonoros... Há mais: criando imagens fluidicas, o pensamento se reflete no envoltório perispirítico como num espelho...Desse modo é que os mais secretos movimentos da alma repercutem no envoltório fluídico...
Item 16 – “...Sendo esses fluidos o veículo do pensamento e podendo este modificar-lhes as propriedades, é evidente que eles devem se achar impregnados das qualidades boas ou más dos pensamentos que fazem vibrar, modificando-se pela pureza ou impureza dos sentimentos. Os pensamentos corrompem os fluidos espirituais, como os miasmas deletérios corrompem o ar respirável.”
Item 17 – “... Os fluidos não possuem qualidades sui generis, mas adquirem no meio onde se elaboram, modificam-se pelos eflúvios do meio, como o ar pelas exalações, a água pelas camadas de sais que atravessa... Sob o ponto de vista moral traduzem o cunho dos sentimentos de ódio, inveja, ciúme, orgulho, egoísmo, violência, hipocrisia, bondade, benevolência, amor, caridade, doçura., etc. Sob o aspecto físico são excitantes, calmantes, penetrantes, adstringentes, irritantes, dulcificantes, soporíferos, narcóticos, tóxicos, reparadores, expulsivos; tornam-se forças de transmissão, de propulsão, etc.
Item 18 – “... O pensamento do encarnado atua sobre os fluidos espirituais como o dos desencarnados; ele se transmite de Espírito para Espírito pelas mesmas vias e, conforme seja bom ou mal, saneia ou vicia os fluidos do ambiente. ...Os fluidos viciados pelos eflúvios dos maus espíritos podem se depurar pelo afastamento destes, mas o seu perispírito será sempre o mesmo, enquanto o Espírito não modificar a si próprio.”
Item 19 – “Assim se explica os efeitos que se produzem nos lugares de reunião. Uma assembléia é um foco de irradiação de pensamentos diversos. É como uma orquestra, um coro de pensamentos, onde cada um emite uma nota”.
Item 20 – “O pensamento, portanto, produz uma espécie de efeito físico que reage sobre o moral, fato este que só o espiritismo podia tornar compreensível.
Item 22 – “O perispírito é o traço de união entre a vida corpórea e a vida espiritual. É por seu intermédio que o Espírito encarnado se acha em relação contínua com os desencarnados... O perispírito é o órgão sensitivo do Espírito, por meio do qual este percebe coisas espirituais que escampam aos sentidos corpóreos.”
Item 31 – “A cura se opera mediante a substituição de uma molécula malsã por uma molécula sã. O poder curativo estará, pois, na razão direta da pureza da substância inoculada; mas depende também da energia, da vontade que, quanto maior for, tanto mais abundante emissão fluídica provocará e tanta maior força de penetração dará ao fluido.”
Item 33 – “A ação magnética pode produzir-se de muitas maneiras:
1º - Pelo próprio fluido do magnetizador; é o magnetismo propriamente dito ou magnetismo humano, cuja ação se acha adstrita à força e sobretudo à qualidade do fluido;
2º - Pelo fluido dos espíritos atuando diretamente e sem intermédio sobre um encarnado, seja para curar ou acalmar um sofrimento, seja para provocar o sono sonambúlico, espontâneo,...”
3º - Pelos fluidos que os espíritos derramam sobre o magnetizador, que serve de veículo para esse derramamento. É o magnetismo misto, semi-espiritual, ou se o preferirem, humano-espiritual.”
Item 34 – “É muito comum a faculdade de curar pela influência fluídica e pode desenvolver-se por meio do exercício; mas a de curar instantaneamente pela imposição de mãos, essa é mais rara e o seu grau máximo deve-se considerar excepcional
Após as considerações feitas acima, sobre o tratamento espiritual, sempre seguindo os postulados de Jesus e os preceitos da Doutrina Espírita podemos também citar:
- Reunião doutrinária – é de suma importância que o obsidiado participe, quando apresentar condições para isto, bem como toda a sua família, considerando a oportunidade que terão para ouvir palestras edificantes, sob todos os aspectos, levando assim ao crescimento moral e espiritual.
- Reunião de desobsessão – a reunião tem por objetivo atender aos irmãos necessitados, envolvidos no conflito. No caso do obsidiado, tem por finalidade a análise das parasitoses mentais e do corpo físico. No caso do obsessor, ele terá a oportunidade de comparecer à reunião, onde deverá ser recebido com muito amor, visando a doutrinação, para que possa compreender os erros do irmão e assim encontrar forças para perdoar.
- Passe – é uma técnica chamada fluidoterapia. É de muita importância no tratamento desses irmãos, considerando a oportunidade de manipulação de fluidos, retirando fluidos tóxicos e interpondo fluidos benéficos. Os passes poderão ser espirituais, em função do magnetismo de irmãos desencarnados que participam dos trabalhos, e humanos, através do magnetismo do próprio passista encarnado.
- Água fluidificada – de grande importância no reequilíbrio do Ser, considerando que nela são introduzidos fluidos benéficos que prestarão sua contribuição.
- Culto cristão no Lar – é muito importante para todos, considerando a oportunidade de leitura do evangelho e a reflexão sob o mesmo e as preces que poderão ser feitas, permitindo crescimento interior, o exercício da fé, gerando transformações a nível de renúncias de viciações e paixões inferiores, permitindo a vigilância do Ser em seus pensamentos, palavras e atos.
- Cirurgias espirituais – é uma técnica de grande valor para o restabelecimento do Ser e que será usada em seu benefício, desde que haja merecimento e a vontade do Pai.
- Deixar bem claro para todos, que o tratamento espiritual oferecido na Casa Espírita não dispensa tratamento médico.
X – PROGNÓSTICO
Apesar de todos os avanços da medicina, com o seu arsenal de terapias modernas e da boa vontade das Casas Espíritas, com seus médiuns e mentores espirituais, todos falharão, em consequência de reajustes que estarão sujeitos em face de merecimentos diante das Leis Cármicas.O prognóstico, de modo geral, poderá ser bom ou ruim, considerando todos os fatores envolvidos, especialmente o interesse do obsidiado em profundas transformações íntimas e a boa vontade da família em dar-lhe toda a assistência possível sob todos os aspectos.
Relatamos aqui observações do Dr. Alberto Lyra, psiquiatra, membro da AMESP, quando nos diz que o diagnóstico pode estar certo, mas os resultados dos tratamentos nem sempre são animadores, quando os consideramos:
- Incuráveis;
- Curáveis, com permanência de resíduos neuróticos, psicóticos ou psicopáticos;
- Cura total, com ajustamento satisfatório psicológico e social da personalidade.
XI – PROFILAXIA
Podemos aceitar a hipótese da profilaxia da obsessão, quando nos propomos a realizações sérias, a nível de grandes transformações internas, visando o crescimento e o aperfeiçoamento moral, estabelecendo uma vida de serenidade, seriedade e humildade em busca da paz. Não podemos esquecer que teremos paz em função da quitação dos nossos débitos com a nossa consciência.Ressaltamos, ainda, que todos os processos de iniciação devem ser precedidos dos postulados de Jesus e dos preceitos da Doutrina Espírita.
Lembremos também dos ensinamentos de Hahnemann (Loucura Sob Novo Prisma – Adolfo Bezerra de Menezes, 2ª ed., pg. 152, FEESP) quando nos afirma que “Esse planeta tem uma atmosfera, que tanto mais se eleva e se difunde no espaço, quanto maior for a esfera moral de cada um, constituindo assim planetas de primeira, segunda e terceira grandeza. Trabalhe cada um por elevar a atmosfera que o envolve, e breve, muito breve, as revelações do mundo dos espíritos elevados virão dissipar as trevas que ainda envolvem a Terra.”
Em relação à nossa conduta, André Luiz (No Mundo Maior, Francisco C. Xavier, 9ª ed., pg. 49 e 59) nos diz que “O gênero de vida de cada um, no invólucro carnal, determina a densidade do organismo perispíritico após a perda do corpo denso. Ora, o cérebro é o instrumento que traduz a mente, manancial de nossos pensamentos. Através dele, pois, unimo-nos à luz ou à treva, ao bem ou ao mal. O cérebro é o órgão sagrado da manifestação da mente, em transito da animalidade primitiva para a espiritualidade humana.”
André Luiz também (Nos Domínios da Mediunidade - Francisco C. Xavier, 17ª ed., pg. 48) nos ensina que “Pensamentos de crueldade, revolta, tristeza, amor, compreensão, esperança ou alegria, teriam natureza diferenciada com características e pesos próprios, adensando a alma ou sutilizando-a, além de lhe definirem as qualidades magnéticas.”
XII – CONCLUSÃO
Afirmamos que obsidiados sempre existiram em todas as épocas, apenas receberam denominações diferentes, em virtude do progresso da humanidade.Apesar de todos os esforços e estudos já realizados, há muito o que fazer, considerando a mensagem de Bezerra de Menezes (psicografada por Divaldo P. Franco – Brasília, 09/11/91), quando nos diz que “A decadência da ética e a revolução que se apresenta como indispensável para as novas propostas e valorização da criatura humana asfixiam a identidade superior do Espírito, reduzindo-a a escombros que se demoram no letargo das paixões inferiores. Momento difícil este, em que a criatura sente-se aturdida, sem parâmetros para selecionar os valores que lhe devem conduzir o comportamento. Instante grave, em que as injunções penosas cerceiam os ideais de enobrecimento, relegando-os a plano secundário. Hora apocalíptica, em que as tentações de alto e pequeno porte contaminam os menos preocupados com a verdade e os pouco distraídos das responsabilidades mais elevadas. É também, o momento do chamamento para a decisão que deve caracterizar aqueles que, ao ouvirem Jesus, comprometam-se com Ele em regime de totalidade.”
O Codificador nos afirma que “A ciência e a religião são duas alavancas da inteligência, uma revela as leis do mundo material e a outra revela as leis do mundo moral...
A Doutrina Espírita, aliada às Ciências Médicas, poderão se entender, não se contradizendo, mas de mãos dadas, caminhando juntas, buscando todos os recursos disponíveis no sentido de abrandar o sofrimento do Ser” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, 117ª ed., cap. I, item 8).
Bezerra de Menezes nos afirma que “a ciência nadará em um oceano de incertezas, enquanto acreditar que a loucura depende exclusivamente do cérebro. A ciência precisa distinguir as causas físicas das morais, para poder aplicar às moléstias os meios correlativos” (Loucura Sob Novo Prisma, 2ª ed., 1987).
Considerando a complexidade do assunto, de forma alguma tivemos pretensão de esgotá-lo, e sim de prestar uma singela contribuição à reflexão.
XIV – BIBLIOGRAFIA
- AZEVEDO, José Lacerda de – Espírito e Matéria, Novos Horizontes para a Medicina, 3ª edição, 1990
- BÍBLIA SAGRADA – 68ª ed., Imprensa Bíblica Brasileira
- BOLETIM do Comitê Brasileiro para a Prevenção e Tratamento da Depressão – Editorial n.º 24
- EMMANUEL – O Consolador – psicografado por Francisco Cândido Xavier, 13ª edição 1986
- Palavras de Emmanuel - psicografado por Francisco Cândido Xavier, 4ª edição 1978
- KARDEC – O Livro dos Espíritos, 58ª ed., IDE, 1990
- O Livro dos Médiuns, 14ª ed., Ed. LAKE, 1988, São Paulo
- A Gênese, 21ª edição, 1986, Federação Espírita Brasileira-FEB, Rio de Janeiro-RJ.
- Obras Póstumas, 18ª edição, 1981, FEB-RJ.
- O Evangelho Segundo o Espiritismo, 117ª edição, 1990, Instituto de Difusão Espírita-IDE.
- LUIZ, André – Nos Domínios da Mediunidade, psicografado por Francisco Cândido Xavier, 17ª edição, 1988, FEB, RJ
- Mecanismos da Mediunidade, psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, 13ª edição, 1994, FEB-RJ.
- No Mundo Maior, psicografado por Francisco Cândido Xavier,9ª edição, FEB-RJ.
- Evolução em Dois Mundos, psicografado por Francisco Cândido Xavier, 11ª edição, 1989, FEB-RJ.
- MEDINESP, Boletim Médico-Espírita nº 02, dezembro de 1984.
- MENEZES, Adolfo Bezerra de Menezes – A Loucura sob um Novo Prisma, 2ª edição, 1987, FEB-RJ.
- MIRANDA, Manoel Philomeno de – Nos Bastidores da Obsessão, 5ª edição, 1990, FEB-RJ.
- RIZZINI, Carlos Toledo – Evolução para o Terceiro Milênio, 8ª edição, 1990, Edicel.
- SCHUBERT, Suely Caldas – Obsessão-Desobsessão, 9ª edição, 1994.
- YAMAMURA, Ysao – Manuel de Ortopedia nº 13, Medicina Chinesa – Acupuntura.
Trabalho implementado pelo Médico acima, com especialidade em Ortopedia e Traumatologia. Foi Presidente da Associação Médico-Espírita do Estado do Espírito Santo, no periodo de . Diretor Mediúnico do Grupo de Fraternidade Espírita “Irmã Clotildes”- (Rua Marcondes de Souza,90/94) - Vitória-ES-Brasil.
e-mail: clotildes@escelsa.com.br
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